Governo quer estimular o crédito para incrementar o PIB raquítico, mas as famílias estão com o orçamento no limite devido à inflação alta e aos débitos recordes com os bancos
1,3 trilhão é o valor que as famílias estão devendo aos bancos, segundo o Banco Central. Foto: Correio Braziliense |
As dívidas e a preocupação com elas não param de crescer. Ainda ressaqueados pelo fim da euforia do consumo e do crédito farto, brasileiros penam para ajustar as contas e se adaptarem a uma realidade de inflação e juros altos. Somente às instituições financeiras, de acordo com o Banco Central, as famílias estão devendo R$ 1,3 trilhão, um recorde correspondente a 26,1% do Produto Interno Bruto (PIB). Nos últimos 12 meses, esse montante acumula alta de 15,2%, ilustrando o aperto no orçamento doméstico.
O real saldo do comprometimento da renda dos brasileiros com empréstimos é ainda maior do que o calculado pelo BC. O mapeamento da autoridade monetária não inclui as dívidas alheias ao sistema financeiro, como aquelas assumidas pelos consumidores diretamente com o comércio. Não à toa, o endividamento das famílias tem alcançado patamares nunca antes registrados: a carestia deu a sensação de que o salário encolheu e os débitos alargaram.
O consumo não tem mais força para garantir o crescimento do país, apesar da insistência do governo de que os brasileiros precisam de mais crédito para ajudar a atividade a sair do atoleiro em que se encontra. O nebuloso cenário da economia, traçado pelos principais indicadores, reforça incertezas e potencializa um sentimento de apreensão, sobretudo porque a ameaça de recessão é cada vez maior. Em períodos de contração do PIB, o desemprego aumenta e fica mais difícil honrar os compromissos em dia. Por isso, educadores financeiros são unânimes ao orientar uma postura conservadora dos consumidores. Mais do que nunca, a ordem agora, para todas as classes, é conter gastos e consumir apenas o necessário, não abrindo mão da poupança.
Fonte: Correio Braziliense
Fonte: Correio Braziliense