quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Brasileiros acreditam que a economia vai piorar nos próximos meses em relação a 2014, diz SPC Brasil

Foto: Crédito: Carlos Silva/CB/D.A Press
A maioria dos brasileiros está pessimista com os rumos da economia do Brasil e 56,1% acreditam na piora do cenário nos próximos meses em relação a 2014. É o que mostra o estudo "O Cenário Econômico na Visão dos Consumidores", elaborado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas). Os dados mostram uma piora em relação às expectativas avaliadas em uma pesquisa de março: na época, 47,0% esperavam um cenário pior em 2015. No caso dos que esperam uma situação melhor, a porcentagem era de 27,0%, e recuou para 17,8%.

Entre os que acreditam em um agravamento da crise, a maioria (61,3%) argumenta que a sua própria condição financeira piorou em relação ao ano passado. As razões para esse fato são o endividamento (30,7%), a queda da renda (15,4%) e o desemprego (15,2%). De acordo com o estudo, apenas um em cada dez (11,2%) entrevistados está otimista e imagina que a situação vai melhorar.

Imagem: Divulgação/Reprodução
Para o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Junior, é importante analisar a visão do consumidor para ter um termômetro de como a atividade econômica se encontra. "O consumidor começa a acreditar que a economia vai piorar, já que muitos percebem que o poder de compra está menor, seja em razão do desemprego e da alta da inflação, seja por que agora se encontram endividados", explica. "Assim, muitos decidem cortar gastos e isso acaba afetando diretamente o consumo e a economia."

Os dados do estudo também mostram que, para os consumidores, as consequências diretas do cenário econômico em crise são a restrição ao consumo, a percepção de alta dos juros e o difícil acesso ao crédito. 

47,7% deixarão de consumir produtos não essenciais

Como resultado de uma condição financeira pior, o consumo será diretamente impactado: 47,7% dos consumidores que acreditam em uma piora das condições econômicas do país no segundo semestre pretendem deixar de consumir coisas que não precisam tanto a fim de economizar, e 37,1% porque terá menos dinheiro. Outros 44,7% garantem que farão menos compras parceladas. De acordo com o estudo, três em cada dez consumidores (29,7%) pretendem trocar a marca de alguns produtos que compram por outras mais baratas.

Segundo a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, a população está percebendo que deve priorizar o consumo do que é essencial no dia a dia. "É perceptível que as conquistas celebradas pelas medidas econômicas dos anos anteriores estão entrando em um retrocesso e gerando impacto no consumo dos brasileiros, sobretudo aquele voltado aos bens de menor importância", diz Kawauti.

Entre os hábitos de consumo a serem mudados, 61,3% pretendem diminuir a compra de produtos supérfluos, e o setor mais afetado será o de alimentação: 47,7% têm a intenção de cortar os gastos com refeições fora de casa, sobretudo os consumidores pertencentes às classes C, D e E (55,7%). As despesas com lazer também devem ser afetadas: 43,1% pretendem diminuir gastos com cinema e 33,7% com bares e restaurantes. Outros cortes incluem itens de supermercado de menor necessidade, como iogurtes, congelados, carne, leite e bebidas (35,4%).

Outra consequência de uma pior condição financeira dos brasileiros é a falta de liquidez, ou seja, menos dinheiro no bolso. "A população está cada vez mais com dificuldades para poupar", alerta Kawauti. Cerca de 40,4% dos entrevistados acreditam que ficará mais difícil economizar e fazer reservas financeiras, e apenas três em cada dez consumidores (35,2%) pretendem fazer aplicações periódicas, seja na poupança ou em outros investimentos,  nos próximos seis meses. 

60,5% dos consumidores consideram o acesso ao crédito mais difícil

"Essa situação também é reflexo do acesso ao crédito, que está sendo reduzido em um momento onde os indicadores econômicos tem mostrado desaceleração e até mesmo retração", explica a economista do SPC Brasil. Para 60,5% dos consumidores entrevistados, o acesso ao crédito está mais difícil - percentual bem acima dos 34,0% verificados na pesquisa de março. Outros 81,4% dos brasileiros têm a percepção de que os juros aumentaram nos empréstimos, cartão de crédito e cheque especial - também maior que os 57,0% identificados em março desse ano.

Como meio de driblar a crise, o estudo mostra que a atitude mais adotada pelos brasileiros é a de organizar as contas da casa (67,4%), pagar à vista a maioria das compras (31,8%) e evitar compras parceladas (29,9%). Para Kawauti, o consumidor está correto e deve dar atenção aos princípios da educação financeira e evitar cair nas tentações das compras por impulso. 

71,9% ainda pretendem comprar roupas e calçados

Embora o estudo aponte sinais de que a crise econômica cause alterações no comportamento do consumidor, outros dados sugerem que ainda é alta a intenção de compra em alguns setores. Considerando as intenções dos entrevistados para os próximos seis meses, observa-se que parte dos consumidores ainda possuem desejos de compra: 71,9% mencionam a intenção de adquirir vestuário e calçados e 38,1% mencionam a intenção de adquirir móveis, eletrodomésticos ou eletroeletrônicos, 40,8% afirmam pensar em comprar parcelado no cartão de crédito.

Segundo o educador financeiro do SPC Brasil, José Vignoli, esse dinheiro deveria ser utilizado para pagamentos de dívidas, reservas financeiras ou investimentos. "Ao mesmo tempo em que boa parte dos entrevistados compreende a necessidade de limitar os gastos devido a um cenário econômico desfavorável, muitos acabam cedendo, seja por necessidade, seja por dificuldades em fazer contas e conter o consumismo", explica Vignoli. 

Metodologia

Foram ouvidas 605 pessoas das 27 capitais brasileiras em julho e julho, com idade igual ou superior a 18 anos, de ambos os sexos e de todas as classes sociais. A margem de erro é de 4,0 pontos percentuais e a confiança é de 95%. Os dados foram pós-ponderados para ficarem representativos ao universo estudado.

Com informações da Assessoria de Imprensa