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* José Nivaldo Junior
A cada ato de violência que comove o mundo, as pessoas se perguntam perplexas: por quê?
Desde o fim da Guerra Fria, os donos do poder no planeta tentaram impor a ideia do "pensamento único", tendo até sido aclamado como genial um ridículo conceito do fim da História. Entre outras falácias, foi decretado o encerramento da luta de classes. As guerras imperialistas, geradoras e alimentadoras do ódio entre os povos, passaram a ser apresentadas como operações profiláticas, benéficas à humanidade.
Eliminadas artificialmente as contradições que fazem parte intrínseca da natureza e especificamente do regime capitalista, os conflitos, o terrorismo, a violência episódica ou cotidiana passaram a ser quase sempre justificadas superficialmente, dificilmente explicadas e entendidas.
Nesse sentido o conhecimento regrediu. E nada mais fácil do que utilizar expressões como "incrível", "inacreditável", "insanidade" e outras do mesmo quilate quando uma violência chocante se abate sobre o mundo que se intitula civilizado.
Oscilando entre indignados e perplexos, continuamos sem saber. Afinal, por quê?
Nada justifica a violência indiscriminada, os atos de terrorismo e assemelhados. Mas eles existem. E suas raízes estão em outras formas de discriminação e violência, com as quais convivemos passivamente, sem um pingo de indignação.
As raízes dessas tragédias chocantes estão no tratamento discriminatório permanente aplicado aos imigrantes "bárbaros" pelos povos "civilizados". Estão na inércia da opinião pública ocidental perante conflitos injustos e cruéis, como os do Oriente médio, por exemplo.
As raízes estão nas intervenções militares que continuam em curso sem que praticamente ninguém, sequer o papa, faça do tema uma pauta permanente.
As raízes do terror estão na violência do dia a dia que se acumula silenciosa e de vez em quando explode com a lógica de um vulcão, um tsunami ou outro fenômeno da natureza.
A violência, pois , está incubada no corpo social. Quando é insanamente exercida pelos dominadores, é apresentada como paz. Quando expressa a revolta dos desesperados, é "terror sanguinário"
Nada justifica, repito. Mas compreender as origens e apresentar o caso como o caso é pode ser um primeiro passo.
* Publicitário, escritor, integrante da Academia Pernambucana de Letras.