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Municípios do Interior de Pernambuco vão reduzir o orçamento da festa de São de João. De acordo com a Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe), dos 137 municípios, 87 vão reduzir o investimento na festa, 28 não vão diminuir e 22 ainda não decidiram faltando menos de 20 dias para o evento. A justificativa, segundo o recém-empossado presidente, Luciano Torres Martins, se deve à falta de recurso devido à crise econômica que assola o País.
A perspectiva é que, em média, as comemorações tenham uma queda de 30% em seus investimentos. Por conta disso, gestores começam a mudar o comportamento no gerenciamento das atratividades, dando prioridade a artistas locais e a ornamentação de rua feita pela própria comunidade.
Secretário-executivo do Consórcio dos Municípios do Agreste e da Mata (Comagsul), Bartolomeu Pereira de Mendonça disse que os municípios aguardam o repasse do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) nos próximos dias, para saber qual a realidade dos 22 munícipios que congrega o Consórcio.
"Só a partir daí é que saberemos o quanto vamos investir, mas já adianto que, como o FPM depende da arrecadação do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) e do IR (Imposto de Renda), a tendência é que haja uma freada nos investimentos", contou, destacando que uma festa em um município de cerca 50 mil habitantes chega a custar, em média, R$ 200 mil, para 10 dias.
Na lista dos que vão reduzir a festa, Bezerros terá um São João 50% menos custoso se comparado com o de 2015. "Em vez de 12 dias, vamos fazer em oito, em função da situação das nossas contas. Desde janeiro do ano passado, cortei 10% dos salários acima de R$ 1,5 mil, incluindo secretários, prefeito e vice-prefeito, e passei a controlar o custo do combustível", justificou o prefeito da cidade, Severino Otávio Raposo.
Para este ano, a cidade dos papangus tem uma previsão orçamentária de, em torno, R$ 90 milhões, sendo 60% abocanhando pelos gastos com pessoal e manutenção dos serviços. Também na lista dos que vão enxugar a festa, Arcoverde foi procurado, mas não se posicionou até o fechamento desta edição.
Já a prefeitura de Caruaru, que possui um dos festejos mais tradicionais do Estado, ao contrário de municípios vizinhos, aumentou os dias de comemoração. "Com expectativa de obter maior movimentação financeira no município durante o mês de junho, com incremento de 10% em relação ao ano passado, chegando ao valor de quase R$ 300 milhões", informou, por meio de nota, a Fundação de Cultura e Turismo da cidade, ressaltando que, apesar de entender que o Brasil passa por dificuldades econômicas, a cidade do Forró enxergou a festa como uma oportunidade.
Para o projeto São João 2016 sair do papel, planejamento e cautela foram apontados pela Fundação como pontos fundamentais. A prefeitura comunicou ainda que não é possível mensurar o valor de investimento da festa quando a abertura oficial do evento foi no último sábado. "Percebemos um impacto positivo, pois com o aumento de dias e grade de qualidade, conseguimos atrair novos parceiros e patrocinadores e, ao contrário do que se pode pensar, subimos os valores captados este ano, o que mostra o enorme potencial da festa", frisou a nota.
Na análise do presidente do Consórcio dos Municípios Pernambucanos (Comupe), José Patriota, a festa tem que ser vista como uma atividade produtiva. "Porque fomenta os setores econômicos dos municípios, que vêm sofrendo, sobretudo, após a estiagem. A Bacia Leiteira, por exemplo, como o arrefecimento da crise sentiu impacto na comercialização, afetando toda uma cadeia do entorno", explicou. O Comupe congrega 11 municípios do Estado.
Da Folha de Pernambuco