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Os produtores de vinho do Vale do São Francisco não têm ouvido falar da queda de produção que assusta empresários do setor em todo o mundo. Por aqui, a expectativa é de que o volume produzido cresça cerca de 5% neste ano. O número é pequeno, mas é comemorado. Afinal, o Instituto Internacional do Vinho e da Vinha calcula uma baixa dos mesmos 5% na produção mundial, com saldos negativos até em países tradicionais na produção da bebida, como Itália e Portugal, além de um baque de 50% na produção brasileira.
“Houve uma queda grande na produção brasileira porque o Rio Grande do Sul, que é o maior produtor do País, teve um problema grave na safra. Mas este não é o nosso caso. O Vale do São Francisco continua aumentando sua produção, porque produz o ano todo, enquanto o Sul só colhe no início do ano”, explica o presidente da Associação dos Produtores e Exportadores de Hortifrugranjeiros e Derivados do Vale do São Francisco (Valexport), José Gualberto. Ele calcula que a região deve produzir 5,6 milhões de litros de vinho neste ano, 400 mil a mais que no ano passado.
A alta nordestina só não afeta a média global por conta do grande volume gaúcho. Segundo o Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), o Rio Grande do Sul produziu 1,7 milhão de garrafas de vinho. O número, porém, é 57% menor que o registrado na safra passada. “Nós tivemos problemas climáticos, como excesso de chuva e geada. Já no Vale do São Francisco, a produção manteve-se estável”, confirma o membro do conselho deliberativo do Ibravin Darci Dani, dizendo que o problema ainda encareceu a bebida gaúcha.
O problema gaúcho acabou abrindo ainda mais espaço para os vinhos nordestinos no mercado do Centro-Sul. “Acabamos suprindo a demanda que era do Sul. Então, não percebemos redução nas vendas mesmo na crise”, admite Gualberto, dizendo que o setor deve faturar ainda mais no fim do ano, quando a procura pelo vinho cresce em virtude das festas de Natal e Réveillon. Só a vinícola Rio Sol, situada no município pernambucano de Lagoa Grande, espera crescer 15% em 2016. “A gente conseguiu muito mercado do Sul, expandindo as vendas para Belo Horizonte e Rio de Janeiro.
Também crescemos no Nordeste, já que, além das dificuldades climáticas, as vinícolas do Sul precisam pagar fretes e impostos altos para trazer o produto para o Nordeste”, explica o diretor-presidente da Rio Sol, André Arruda. Ele ainda disse que, fora isso, a empresa viu sua produção passar de 1,5 milhão para 1,7 milhão de garrafas, com o aumento de 250 mil quilos de uva na safra deste ano, e, portanto, espera faturar R$ 20 milhões neste ano, R$ 4 milhões a mais que no ano passado. André lembra, porém, que os vinhos do Vale do São Francisco também tiveram um aumento de, aproximadamente, 12% no preço, por conta do reajuste do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) sobre a bebida, aplicado pelo Governo Federal no fim de 2015.
Do Folha de PE