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Apesar do baixo patamar atual, o histórico de juros altos no País tornou o investidor brasileiro ambicioso. Segundo pesquisa realizada em 17 países, o brasileiro é o que espera maior ganho de suas aplicações financeiras. O retorno, porém, nem sempre corresponde às expectativas: o País é o que apresenta uma das maiores diferenças entre a rentabilidade desejada e a obtida.
Pesquisa realizada pela gestora de recursos Legg Mason, obtida com exclusividade pelo jornal O Estado de S. Paulo, aponta que o brasileiro espera, em média, um retorno de 9,2% ao ano de seus investimentos - ligeiramente acima da expectativa de chineses (9 1%) e mexicanos (9%).
Porém, o retorno médio obtido é de 7,2% - quase dois pontos porcentuais mais baixo. É a segunda maior lacuna entre os 17 países pesquisados, atrás apenas do Japão, cuja diferença entre retorno almejado e recebido é de 2,2 pontos. A expectativa média global, segundo a pesquisa, é de ganhos de 7,4% ao ano, com retorno médio de 6,1%.
"Esse porcentual alto de rentabilidade desejada no Brasil tem muito a ver com a 'memória' de juros altos, no patamar de dois dígitos, que garantiam bons retornos sem riscos", observa Roberto Teperman, diretor de vendas da Legg Mason.
Ele lembra que, em outubro de 2016, o Banco Central deu início a uma sequência de cortes na taxa básica de juros, a Selic, que saiu de 14,25% para 6,5% ao ano em março deste ano - menor patamar histórico.
William Eid, coordenador do centro de finanças da Fundação Getúlio Vargas (FGV), afirma que essa ambição "tem muito a ver com o famoso 1% ao mês". "Antes, qualquer investimento rendia 1% ao mês; qualquer fundo de renda fixa, por exemplo. Era só sair da poupança", diz.
"O retorno médio recebido agora pelos brasileiros está em torno de 110% do CDI (taxa que anda de mãos dadas com a Selic)", observa Teperman. "O investidor percebeu nos últimos tempos que, para o mesmo retorno de antes, teria de correr um pouco mais de risco - e nesse movimento, vimos alguma migração, ainda que pequena, para (fundos) multimercado e Bolsa."
Para a pesquisa, a Legg Marson ouviu mil investidores brasileiros entre os dias 26 de julho e 24 de agosto. Os entrevistados estão comprometidos a investir pelo menos R$ 50 mil nos próximos 12 meses e também fizeram modificações em suas aplicações nos últimos cinco anos.
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