sábado, 30 de março de 2019

Indústria naval à espera de dias melhores em Pernambuco

Estaleiro Vard PromarFoto: Paullo Allmeida / Folha de Pernambuco
As corvetas da Marinha eram a esperança de retomada do setor, mas serão construídas em Santa Catarina e não em Suape

Incerteza. Esse é o clima na indústria naval pernambucana. É que, há mais de um ano sem encomendas de novos navios, o setor viu sua maior esperança de sobrevivência navegar para Santa Catarina nesta semana, quando a Marinha decidiu construir suas quatro corvetas no estaleiro catarinense Aliança S.A e não no Estaleiro Vard Promar de Suape - decisão que pegou de surpresa o estaleiro, o governo e os milhares de trabalhadores pernambucanos que se capacitaram para trabalhar na construção de embarcações, mas hoje engrossam a fila de desempregados no Estado. 

“Foi um baque. Todo o planejamento foi por água abaixo”, lamentou o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Pernambuco (Sindmetal-PE), Henrique Gomes, admitindo que todos estão sem saber o que fazer. Ele explicou que, no auge da construção naval do Estado, o Vard Promar empregou 1,7 mil pessoas. Hoje, porém, só 90 trabalhadores continuam no estaleiro, que, sem as corvetas, não sabe quando terá novas encomendas e quando poderá recontratar seu pessoal.

A situação é semelhante no Estaleiro Atlântico Sul (EAS), que já empregou 11 mil pessoas, mas deve ficar com apenas 125 funcionários em maio, quando concluir sua última encomenda - medida que significa mil novas demissões no empreendimento, que já desligou mais de 700 pessoas nos últimos meses. É uma massa de trabalhadores que, como está há meses vendo os estaleiros negociarem novas encomendas sem sucesso, já busca outras atividades para poder pagar as contas. A maioria, no entanto, segue para o setor informal ou para a construção civil, que também sofre com altas taxas de desocupação no Estado.

Da Folha de PE