segunda-feira, 13 de maio de 2019

PIB do primeiro trimestre terá queda, assim como os índices de confiança

Foto: Marcello Casal Jr/ Agência Brasil
Se o presidente Jair Bolsonaro mostrou aborrecimento com o aumento do número de desempregados no primeiro trimestre, deve se preparar para mais uma notícia ruim. Tudo indica que que o Produto Interno Bruto (PIB) ficou negativo no período. O tombo pode ter sido de 0,2%. Os índices de confiança também recuaram, o que sinaliza incerteza em relação à economia.

Os empresários não sabem se a pauta liberal defendida pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, que ajudou Bolsonaro a ser eleito, será levada adiante, afirma a economista-chefe da ARX Investimentos, Solange Srour. Ela é uma das analistas que preveem que o PIB do primeiro trimestre de 2019 será negativo. A estimativa é de que o recuo seja de 0,2%, ante o quarto trimestre do ano passado. “Acho que é fruto de uma falta de confiança nos rumos da economia”, comenta.

O Planalto tenta melhorar a situação financeira das pessoas e fomentar o consumo com a liberação dos recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e do PIS/Pasep, por exemplo. As medidas já haviam sido adotadas pelo ex-presidente Michel Temer, o que contribuiu para aumentar as vendas do comércio em 2017 e 2018, mesmo que de forma modesta. Mas a situação este ano é tão desanimadora que, mesmo assim, o PIB de 2019 pode ter um índice mais fraco do que o registrado em 2018, quando subiu 1,1%.

Urgência
Fora a falta de confiança, há incerteza sobre a sustentabilidade fiscal, “pois não sabemos qual e quando a reforma da Previdência será aprovada”, contextualiza Solange. A força do governo e da base aliada está sendo testada na Comissão Especial da Câmara, onde a proposta será alterada. O Planalto terá que mostrar força no Congresso e evitar um enxugamento maior da proposta, que prevê a economia de pelo menos R$ 1 trilhão em 10 anos.

Mas, além dos problemas de confiança e políticos, a economia sofre de problemas crônicos, de baixa produtividade, ineficiência no sistema tributário, carência de infraestrutura, insegurança jurídica e pouca abertura. “Estamos num quadro em que ficamos muito vulneráveis. Qualquer coisinha já nos dá um PIB negativo. O governo parece sem foco na agenda, gasta energia com temas menores e torna o empresário mais receoso. É um balde de água fria”, explica a economista-chefe da XP Investimentos, Zeina Latif.

A indústria tombou 2,2% no primeiro trimestre. No mesmo período, as vendas do comércio avançaram apenas 0,3%. Por enquanto, as projeções dos economistas apontam que o crescimento da economia será de 1,49% neste ano, mas tudo dependerá dos próximos resultados. “Uma retomada mais forte do emprego pode ser possível em 2020, mas dependerá muito de como a economia reagirá pós-Previdência”, avalia Solange Srour. 

Do Correio Brasiliense