Arquivo/Agência Brasil |
Nas últimas duas semanas, o empresário Marcelo Campos Ometto, presidente do conselho de administração do Grupo São Martinho, um dos maiores produtores de açúcar e etanol do mundo, esteve reunido com investidores internacionais para, basicamente, vender o Brasil no exterior. Com foco em seduzir capital estrangeiro para o setor sucroalcooleiro, ele tentou transmitir confiança em relação aos rumos da economia, especialmente com vistas à aprovação das reformas da Previdência e tributária.
“O Brasil está caminhando para vencer seus entraves crônicos, que são as contas públicas deficitárias e a carga tributária desproporcional”, disse Ometto a empresários brasileiros e asiáticos. Mas o otimismo do empresário escondia uma preocupação: a possível volta de um imposto sobre movimentações financeiras, nos moldes da antiga CPMF. “Não é algo que agrada nem aos empresários nem às famílias, que terão de conviver com o peso de mais um imposto”, completou.
Assim como Ometto, o executivo José Velloso Dias Cardoso, presidente da Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), enxerga a reforma tributária com um otimismo cauteloso. A necessidade de simplificação dos impostos e uma gradativa redução da carga tributária é, em sua avaliação, algo essencial para o país, mas a inclusão de novos impostos, principalmente sobre setores da economia já fragilizados pela crise dos últimos anos, pode mais atrapalhar do que ajudar. “Cada setor precisa ser ouvido para que a reforma não crie mais distorções e injustiças”, afirmou. “Estamos confiantes de que a equipe econômica e o Congresso saberão enxergar eventuais problemas escondidos na reforma”.
Existem, de fato, doses de veneno na tão sonhada reforma tributária. A proposta de emenda constitucional, a ser apresentada pelo governo federal ao Congresso nas próximas semanas ainda não está com seu texto final definido, mas deve ter três pilares. O primeiro, que afeta diretamente o Imposto de Renda de empresas e cidadãos, é a criação de um Imposto sobre Valor Agregado (IVA) ou Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) em escala federal — algo comemorado pelo empresariado pelos benefícios de simplificação do sistema de recolhimento de impostos, taxas e tributos, mas temido pelos governadores, principalmente dos estados que se encontram em situação fiscal dramática. O chamado IBS substituiria PIS, Cofins, IPI, uma parte do IOF e possivelmente o CSLL, além de ICMS (estados) e ISS (municípios). Continue lendo, clique AQUI!