quinta-feira, 19 de setembro de 2019

Copom reduz taxa básica de juros para 5,50% ao ano

Foto: Marcello Casal jr/Agência Brasil/Agência Brasil
Mesmo diminuição da taxa, poupança continua mais vantajosa que fundos de renda fixa no curto prazo

O Banco Central anunciou nesta quarta-feira (18) um novo corte na taxa básica de juros. Em decisão unânime do Comitê de Política Monetária (Copom), a Selic caiu de 6% para 5,50% ao ano. Esse é o menor patamar desde que a taxa passou a ser utilizada como instrumento de política monetária, em 1999.

Foi também o segundo corte anunciado na gestão do presidente Jair Bolsonaro (PSL). Em julho, o Copom cortou a taxa de 6,50% para 6% ao ano, logo após a aprovação da reforma da Previdência na Câmara, e afirmou que faria novas reduções. O novo corte de 0,5 ponto percentual já era esperado pelo mercado, de acordo com a pesquisa Focus do BC.

A expectativa dos analistas é de outra redução dos juros, para 5% ao ano, na reunião do Copom marcada para os dias 29 e 30 de outubro. Algumas instituições projetam que a Selic possa chegar a 4,50% no último encontro do comitê neste ano, em 10 e 11 de dezembro.

A taxa básica serve de referência para as operações com títulos públicos e para o mercado interbancário. Nos empréstimos bancários para pessoas físicas e empresas, as taxas médias estão em 44% e 19% ao ano, respectivamente, de acordo com o Indicador de Custo do Crédito do BC para o mês de julho.

A Selic chegou a 7,25% em 2012, no governo Dilma Rousseff, mas voltou a subir durante a gestão da petista. No governo Michel Temer, os juros atingiram a mínima de 6,50% ano.

A nova rodada de cortes da taxa básica se dá em um contexto de fraco de crescimento da economia, inflação abaixo da meta, desemprego elevado e queda de juros em países desenvolvidos e emergentes.

O BC tem condicionado os cortes na taxa à continuidade da agenda de reformas, o que tem contribuído para a queda do risco país e evitado uma alta mais elevada do dólar. Segundo a instituição, uma eventual frustração das expectativas de aprovação da Previdência pode afetar prêmios de risco e elevar a trajetória da inflação, hoje sob controle.

A depreciação recente do real em relação à moeda norte-americana é um dos riscos para a política monetária, mas a avaliação do mercado é que não haverá repasses significativos para os preços.

A expectativa de normalização da produção de petróleo na Arábia Saudita também afasta o risco de que uma eventual alta dos combustíveis contamine o índice de preços, que acumula alta de 3,43% em 12 meses, para uma meta de 4,25%. Mais cedo, o Federal Reserve (banco central dos EUA) também anunciou um novo corte de juros, de 0,25 ponto percentual.

Com isso, a diferença entre as taxas nos dois países caiu a 3,50 pontos percentuais, patamar inédito desde que a Selic passou a ser instrumento de política monetária do BC. Nos últimos dois anos, o diferencial de juros caiu mais de 40%, enquanto o risco país recuou cerca de 15%.

A poupança mantém sua vantagem em relação aos fundos de renda fixa, mesmo com o corte de 0,5 ponto percentual na taxa Selic. A taxa de juros, agora em 5,5%, deixa o investimento mais vantajoso que fundos com taxa de administração a partir de 1% no curto prazo, para resgates até seis meses.

Segundo a Associação Nacional dos Executivos de Finanças Administração e Contabilidade (Anefac), as modalidades empatam em desempenho em dois casos: quando a taxa de administração do fundo for de 1% em um prazo de resgate de seis meses a um ano e quando a taxa for de 1,5% e o resgate acontecer entre um e dois anos.

Pelas contas da associação, os fundos de investimentos têm um rendimento superior às contas da poupança apenas quando suas taxas de administração são de até 1% para prazos superiores a um ano, ou quando o prazo de resgate é superior a dois anos com uma taxa anual de até 1,5%.

O rendimento da poupança com a nova taxa de juros, segundo a Anefac, é de 3,85% ao ano e de 0,32% ao mês. Este percentual é proporcional ao rendimento anual de 70% da Selic mais a taxa referencial (TR) que, no momento, é zero.

Além de não ter taxa de administração, a poupança se destaca em relação aos fundos de renda fixa por ser isenta de imposto de renda. Devido a incidência do IR, aplicações em Certificados de Depósito Bancário (CDB) são mais vantajosas que a poupança apenas quando têm um rendimento acima de 85% do Certificado de Depósito Interbancário (CDI), aponta a Anefac.

Da Folha de PE