segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

Estados do Nordeste tentam atender à demanda internacional

Objetivo é atender a uma demanda por carne de bode e leite de cabra,
que surgiu durante uma missão do Consórcio Nordeste na Europa,
em novembro de 2019. (Foto: Edilson Júnior / SDA)
Os estados do Nordeste estão em articulação para comercializar produtos agrícolas com mercados internacionais como Oriente Médio e China. Na região do histórico cultivo da cana-de-açúcar, a demanda por outros produtos está, cada vez mais, em ascendência. Uma demanda por carne de bode e leite de cabra, que surgiu durante uma missão do Consórcio Nordeste na Europa, em novembro de 2019, é exemplo disto. Trata-se, entretanto, de algo de uma dimensão maior do que qualquer estado poderia atender sozinho, por isso a junção de esforços entre eles. Todas as unidades federativas da região estão envolvidas no processo, tendo em vista a ampliação da produção, mas, atualmente, os principais produtores são Pernambuco, Paraíba, Bahia, Ceará e Piauí.

De acordo com o Secretário de Desenvolvimento Agrário de Pernambuco, Dilson Peixoto, neste encontro onde foi revelado o interesse pelo produto local, não houve a apresentação de uma demanda específica, de quantidade de toneladas necessárias. “Foi percebido, entretanto, que a demanda global seria maior do que nossa capacidade produtiva atual”, revela. De acordo com a Pesquisa Pecuária Municipal (PPM) 2017, do IBGE, o rebanho de caprinos no Brasil é de, aproximadamente, 9.592.079 cabeças, concentrando-se cerca de 93% deste rebanho no Nordeste, com 8.944.461 animais. Já o de ovinos é da ordem de 17.976.368 cabeças (64%, 11.544.939 animais, no Nordeste). 

Os secretários de agricultura comprometeram-se, então, a voltar-se para a cadeia produtiva em seus Estados, dimensionar o rebanho e identificar as necessidades dos produtores para ampliar a produção, bem como a criação de uma infraestrutura de abate e comercialização. Uma das alternativas é incentivar e dar suporte ao cooperativismo e associativismos entre os produtores. Dentre as metas estão a constituição de uma central de compras de insumos e informação de mercados, experiências de tecnologia e gestão; análise da possibilidade de criação de uma linha de financiamento para inovação de tecnologia de produção; elaboração de estudo de marketing estratégico para identificar produtos, mercados e novas oportunidades; implantação de programa de capacitação gerencial local com vista à Certificação Halal de qualidade e de origem para os produtos, exigida pelos países consumidores do Oriente Médio. A próxima reunião do Fórum de Secretário será realizada de 13 a 15 de abril, em Sergipe, quando deverá ser elaborado um cronograma de trabalho para certificação e atendimento das exigências do mercado externo.

No caso da China, a maior solicitação refere-se ao leite de cabra. No Brasil, o maior produtor do produto é a Paraíba, segundo o Censo Agropecuário 2017. Com uma produção de 5,627 milhões de litros de leite por ano, o estado destaca-se à frente da Bahia, que ocupa a segunda posição, e Minas Gerais, que vem em terceiro lugar. Mesmo assim, a produção é insuficiente em relação à demanda, de acordo com o secretário de Agricultura Familiar e Desenvolvimento do Semiárido da Paraíba, Luiz Couto. “Temos 17% a mais de rebanho do que o segundo colocado neste ranking. É impossível, entretanto, atender sozinho à demanda internacional, que também é de carneiros e ovelhas de corte, ainda vivos, para que possam ser abatidos no destino. Nosso estoque destina-se principalmente ao próprio estado e ao atendimento a empresas que produzem o sistema completo (fabricação de derivados de leite)”, afirma. 

Ele chama a atenção, ainda, para o fato de os dados referentes ao rebanho serem do ano de 2017, podendo não refletir corretamente a realidade atual. “Este quantitativo pode ser menor pois quando falta chuva no sertão, muitos animais morrem ou são eliminados para que as pessoas possam se alimentar”, destaca. Ele lembra que os governadores já estiveram na Alemanha, França e Itália e brevemente, em março, voltam a Europa para conversar com outros países a fim de estabelecer investimentos/recursos para aumentar o rebanho. “Os países que solicitam esta demanda pedem que ela tenha permanência. Não se tratará de um pedido único”, salienta.

QUADROS

Balança Comercial de Pernambuco (Fiepe) - Valores em dólares americanos

*Mais exportados: automóveis com motor de explosão (227.837.660), óleo combustível (190.481.877) e PET (173.909.799).

*Do setor de agropecuária, exportação de mangas frescas ou secas ocupa a quinta colocação (84.441.749) e uvas frescas, a sexta (66.046.024). Derivados de animais, de nenhum tipo, estão entre os 20 produtos mais exportados ou importados.

* Países de destino da exportação pernambucana (valores em dólares americanos):

Argentina - 299.674.307
Estados Unidos - 239.567.118 
Países Baixos (Holanda) - 141.720.525 - 
Cingapura -  83.517.211 
México - 82.558.420 


Rebanho Pernambuco:

Bovinos - 1.899.694 animais
Caprinos - 3.074.703 animais
Ovinos - 3.190.644 animais

Rebanho Paraíba (dados do IBGE – Censo de 2017):

Caprinos (cabeças): 545.994
Quantidade de caprinos vendidos: 191.006
Valor da venda de cabeças (total, em reais): 27.851.000,00
Quantidade de leite de cabra produzido por ano (litros): 5.627.000

Ovinos (cabeças): 506.190
Quantidade de ovinos vendidos nos estabelecimentos agropecuários: 89.882
Valor da venda de cabeças (total, em reais): 30.436.000,00

Do Diario de PE