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sexta-feira, 24 de abril de 2020

Em meio à Covid-19, mais de 60% das indústrias pernambucanas apresentam queda superior a 50% em seus faturamentos

Foto: Divulgação/Reprodução
Estudo da FIEPE aponta que, apesar das perdas, apenas 33,2% das empresas pesquisadas realizaram demissões até o momento

Ao término do primeiro mês de isolamento social, o cenário provocado pela pandemia da Covid-19 já começou a afetar as indústrias pernambucanas. Estudo elaborado pela Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (FIEPE) revelou que 61,88% das indústrias pesquisadas já sentiram uma queda superior a 50% nos seus faturamentos - sendo que, para 38,1% do total, a redução foi superior a 75%. Apesar disso, apenas 33,2% das empresas realizaram demissões devido à pandemia. A redução de salário e jornada de trabalho e a suspensão dos contratos, alternativas oferecidas pela Medida Provisória 936/2020, vêm sendo adotadas pelos empresários de forma ainda incipiente, o que revela um esforço do setor produtivo local na preservação dos postos de trabalho. 

A pesquisa identificou que apenas 15,98% das indústrias não foram afetadas pela pandemia causada pelo novo coronavírus. Dentre os setores mais afetados, destacam-se os segmentos de confecção e têxtil, construção civil, gesso, cerâmica vermelha, indústria moveleira, bebidas (cervejas artesanais) e metalmecânico. “Nosso objetivo era entender de que forma os industriais pernambucanos estão se comportando neste cenário de crise e como a queda de faturamento afetou o mercado de trabalho industrial. Os dados servirão para que possamos defender os interesses do setor produtivo de forma ainda mais efetiva”, explica o gerente de Relações Industriais da FIEPE, Maurício Laranjeira. Ao todo, 199 empresas responderam à pesquisa, realizada entre os dias 16 e 22 de abril.

Segundo o estudo, as demissões foram adotadas, em maior grau, pelas empresas que sofreram quedas mais significativas de faturamento. Das empresas que apontaram redução de 75% em seu faturamento, por exemplo, 40 optaram por demitir seus empregados (49,3%). Já entre as que sofreram queda entre 51% e 75%, o índice cai para 36,9%. “Os empresários estão segurando os empregos. Isso pode ocorrer tanto pela dificuldade de demitir quanto pela visão de que é importante manter o quadro de funcionários, que já é treinado, para quando essa crise terminar”, pondera Laranjeira.

A construção civil foi o setor responsável pela maior parte dos desligamentos. Das 955 demissões declaradas na pesquisa, 129 foram feitas por este segmento, o que corresponde a 13,5% do total. “É um setor com mão de obra muito intensiva, que emprega muita gente e que está quase totalmente parado”, justifica Laranjeira. Vale lembrar que o setor foi diretamente impactado pelo decreto estadual 48.834, assinado em 20 de março, que paralisou 70% das obras em andamento no Estado, o que afetou 40 mil trabalhadores. 

Entre as propostas elencadas na MP 936/2020, publicada pelo Governo Federal no início de abril, a redução de salário e de jornada foi realizada por apenas 31,56% das empresas pesquisadas. Já a suspensão dos contratos foi adotada por 27,46% das indústrias. Entre as que adotaram essa medida, a maior parte (48%) optou pela suspensão por 60 dias. “O que notamos é que muitas indústrias escolheram não realizar essas negociações. Muitas delas optaram, em primeiro lugar, pelas férias coletivas e estão aguardando o desenrolar dessa pandemia, cenário que ainda não está muito claro para nenhum de nós”, pontua Laranjeira.

Da Assessoria

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