Desde o dia 1 de agosto, o governo federal zerou alíquotas de importação de produtos relacionados à captação de energia solar vindos da China. A medida vale até o final de 2021. Até então, estes produtos costumavam ter uma tarifa de 12% a 14%. Atualmente, a China lidera com 99% o mercado brasileiro de painéis e peças fotovoltaicas. Localmente, economistas e representantes deste mercado analisam a repercussão da medida para o estado.A medida vale até o final de 2021.
(Foto: Soninha Vill/GIZ)
De acordo com o professor do departamento de economia da UFPE, Fernando Mendonça, no último ano, com a alta do dólar, o custo destes produtos teve uma elevação aproximadamente superior a 30%. A renúncia da alíquota seria, então, algo positivo. “É possível que o foco tenha sido exatamente este, a recuperação da rentabilidade do mercado, já que a medida vence em 2021”, explica detalhando que a determinação pode permitir, inclusive, uma volta aos parâmetros de meados de 2018/2019, antes das altas da moeda norte-americana. “É importante lembrar que a demanda está mais restrita agora do que antes, até por causa da pandemia. Não é possível, portanto, esperar grandes vendas no momento”, afirma.
Em 2019, o mercado de energia solar no Brasil teve crescimento de 75% em relação a 2018. Pernambuco, atualmente, ocupa a 12ª posição no ranking de geração de energia solar do país. De acordo com Fernando, antes da alta do dólar, o estado caminhava para atingir outros níveis em função da geração compartilhada, em crescente. “Começou a surgir para pessoas físicas, inicialmente para redução do próprio consumo. A legislação permite que esta pessoa, de acordo com o que gerar, inscreva outros endereços. Assim, começou a surgir este ambiente de geração compartilhada. A intensidade disto, inclusive, fez com que geradoras passassem a discutir com a Anatel a possibilidade de cobrança a estes microgeradores”, afirma.
O arquiteto e administrador Rui Rodrigues Chaves é proprietário da Solar Fácil, que atua com projetos e instalações de fotovoltaica. Ele acredita que a liberação das alíquotas pode ajudar no incremento da energia solar também a nível local, mas tem dúvidas quanto ao processo. Isto porque, para a homologação, as concessionárias exigem certificado do Inmetro e registro de equipamentos como painéis e inversores. “Já procurei alguns órgãos para saber como será isto, mas ainda não obtive respostas. Talvez seja um entrave”, relata. Ele destaca, ainda, outra possível problemática: a questão do pós-venda. “Como vem tudo de fora, como será a assistência técnica e o serviço? Por isso, embora acho que possa ser uma coisa boa caso estas questões sejam contornadas, prefiro continuar atundo com grandes distribuidores no Brasil”, finaliza.
Do Diario de PE