Segundo a instituição, há muita fragilidade no setor, sobretudo pelas incógnitas que ainda existem em relação ao controle da Covid-19. Dados do levantamento revelam que 37,3% dos entrevistados estimam que ainda irão sofrer com queda de faturamento, 48,5% esperam se manter estagnados, enquanto apenas 14,2% acreditam numa recuperação em curto prazo. Para os empresários, a recuperação só virá com adoção de medidas como a vacinação em massa, aprovação da reforma tributária, programas de recuperação fiscal em níveis federal e estadual e políticas de fortalecimento do setor industrial, por ordem de prioridade.
Dos empresários entrevistados, quase a metade (46,27%) precisou fazer demissões para manter seus negócios funcionando e 67,2% deles ainda não conseguiram fazer recontratações. “Para estancar essa desocupação e voltar a gerar empregos é muito importante a retomada do programa de suspensão ou redução de carga horária e de salários com auxílio complementar do governo federal”, disse o gerente de Relações Industriais da FIEPE, Maurício Laranjeira.
Entre os tópicos questionados pela Federação, está a satisfação dos empresários quanto às gestões públicas federal e estadual no enfrentamento dos impactos causados pela Covid-19 no Brasil e em Pernambuco. Segundo a pesquisa, 61,6% consideram a atuação do governo estadual péssima ou ruim, outros 31,6% julgaram como regular e pouco menos de 7% avaliaram como boa ou ótima.
Com relação ao governo federal, avaliaram como ruim ou péssima 24,5% dos entrevistados, como regular 36% e como boa ou ótima outros 39,3%. A Federação alega que os números mais positivos do governo federal estão diretamente ligados a medidas como redução da jornada de trabalho e salários, o auxílio emergencial para a população e a suspensão dos contratos de trabalho, apontados na pesquisa como as medidas mais eficazes para as empresas.
O crédito, que foi um dos principais obstáculos enfrentados pelos empresários nas primeiras pesquisas, deixa de figurar como principal problema para 63,4% dos empresários que conseguiram algum tipo de financiamento, em sua maioria, com os bancos públicos (57,3%). “A maioria das empresas que buscou crédito conseguiu ter acesso ao valor solicitado ou à parte dele. No entanto, ainda existem muitas empresas que não conseguiram por esbarrarem em algumas burocracias, que talvez possam ser solucionadas com programas de recuperação fiscal estadual e federal. Esses programas podem deixar as empresas aptas a buscarem crédito mais barato e com taxas de juros menores”, destacou o economista da FIEPE, Cézar Andrade.
O levantamento ainda aponta que a maior aflição dos empresários hoje está relacionada à dificuldade de encontrar os insumos para a produção. “Esse fato fica evidente, por exemplo, no caso do plástico e da celulose, que integram embalagens de diversos produtos da indústria de transformação, e dos insumos para a construção civil. Tanto que 70% deles ainda estão sofrendo com a escassez de matéria-prima e alta nos preços, que, para 24,4%, dos empresários já ultrapassa 60% de aumento” explica Laranjeira.
Sobre a possibilidade de um novo fechamento geral, a FIEPE alega que a grande maioria dos empresários se mostrou extremamente preocupada com os impactos econômicos. “Mais de 65% dos empresários tiveram queda no seu faturamento e 47% deles precisaram demitir funcionários nesse período. Um cenário crítico que não pode ficar pior. O setor privado não tem lastro para suportar essa queda no consumo com uma nova paralisação total”, alerta o presidente da FIEPE, Ricardo Essinger.