terça-feira, 4 de maio de 2021

52% dos idosos são os principais responsáveis pelo sustento da casa, revela pesquisa da CNDL/SPC Brasil

A pandemia da COVID-19 acarretou uma grande crise econômica que afetou a renda dos brasileiros e provocou o aumento do desemprego. Em muitos lares brasileiros percebe-se a participação cada vez mais forte dos idosos na renda familiar. Levantamento realizado em todas as capitais pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), em parceria com a Offer Wise Pesquisas, mostra que 91% dos brasileiros com mais de 60 anos contribuem financeiramente para o sustento da casa, sendo que 52% são os principais responsáveis, um aumento de 9 pontos percentuais em relação a 2018.


Entre os que continuam trabalhando e já estão aposentados, 71% dos idosos mencionaram a complementação da renda como principal motivo, 56% querem se sentir produtivos e 50% buscam manter a mente ocupada.


Para o presidente da CNDL, José César da Costa, não é só a crise econômica que explica esses números, mas também uma mudança demográfica e comportamental dessa população. “Há muitos casos em que a renda do aposentado é a única maneira para sustentar o lar de uma família que perdeu emprego, principalmente nesse momento de crise e de aumento do desemprego, mas o aumento da expectativa de vida dos brasileiros, o avanço da medicina e suas atitudes nesta fase da vida também são fatores importantes. Hoje, os idosos são mais ativos, têm mais autonomia financeira e trabalham por mais tempo, seja por necessidade ou porque se sentem dispostos e mais felizes desenvolvendo alguma atividade produtiva”, explica.


De acordo com o levantamento, 46% dos idosos exercem alguma atividade profissional, um aumento de 10 pontos percentuais em relação a 2018. Em média, estes idosos pretendem trabalhar até os 74 anos. No entanto, 46% não sabem até que idade pretendem trabalhar, uma queda de 15 pontos percentuais em comparação com 2018.


Maioria dos idosos relata dificuldade para voltar ao mercado de trabalho


A pesquisa mostra que 35% dos idosos que exercem atividade profissional atuam como autônomos ou profissionais liberais, enquanto 19% trabalham de maneira informal (sobretudo nas classes C, D e E) e 15% são servidores públicos.


Apesar de estarem cada vez mais inseridos no mercado de trabalho, 40% dos idosos que exercem atividade profissional relataram dificuldade para conseguir uma oportunidade de trabalho, sendo o preconceito com a idade o principal motivo identificado (24%).


“Ainda há muito a ser feito para a quebra de paradigmas e de preconceitos no mercado de trabalho em relação à contratação de pessoas mais velhas. O aumento da expectativa de vida faz com que essa parcela da população permaneça por mais tempo no mercado de trabalho e muitas vezes volte a exercer alguma atividade profissional mesmo após a aposentadoria. A discriminação, com certeza, é uma das maiores barreiras a serem trabalhadas e descontruídas, e cabe às próprias empresas, instituições, setores privados e públicos, encontrarem uma melhor forma que valorize o profissional com mais de 60 anos”, afirma o presidente da CNDL.


De acordo com o levantamento, 42% dos idosos estão procurando trabalho, sendo que 16% desejam uma oportunidade como autônomo/freelancer e 13% encaram qualquer oportunidade, independentemente do formato.


A situação de desemprego, falta de oportunidades e insegurança na economia também afeta diretamente os idosos, uma vez que 88% dos que estão em busca de emprego afirmaram que não têm sido chamados para entrevistas, e 53% não acreditam que conseguirão uma oportunidade de emprego nos próximos 3 meses.


Metade dos idosos tem algum desempregado em casa


De acordo com a pesquisa, metade (50%) dos entrevistados relatou que tem pelo menos um desempregado em sua casa. E a maioria (63%) afirmou que conhece alguém que perdeu o emprego ou fechou o negócio na pandemia.


O levantamento reforça ainda a independência financeira de boa parte dos idosos, já que 61% relataram que não recebem nenhum tipo de ajuda financeira. Por outro lado, 35% recebem ajuda de dinheiro ou possui renda complementar.


“A pandemia fez o país alcançar a triste marca de 14 milhões de desempregados. O aumento do desemprego explica a dificuldade dos idosos em conseguir emprego, até pela necessidade de maior isolamento desse público. Mas, uma vez controlada a propagação do vírus, a tendência é que o retorno dessa população ao mercado volte a crescer”, destaca José César da Costa.


Da ASCOM / Foto: Fabio Tito/G1