sábado, 15 de maio de 2021

Selic em 3,5% ao ano ainda é desafio diante da inflação atual

No início deste mês, o Comitê de Política Monetária (COPOM) elevou a taxa básica de juros de 2,75% para 3,5% ao ano. Foi o segundo aumento consecutivo, já que em março houve uma alta de 2% para 2,75%. A medida é uma estratégia para tentar contornar a inflação que segue em alta e afeta a rentabilidade de investimentos em renda fixa.


Em geral, a Selic é a taxa média diária paga entre os bancos para a compra de títulos públicos. Conhecida popularmente como o “preço do dinheiro”, é uma ferramenta utilizada pelo Banco Central para tentar controlar a inflação. Quando está mais baixa, a atividade econômica se aquece devido aos menores incentivos para deixar o dinheiro parado. Mas um período longo com ela neste patamar torna natural que as pessoas observem uma maior inflação. Assim, na tentativa de equilibrar esse fenômeno, o Banco Central, através do COPOM, eleva a taxa. 


Segundo o sócio e planejador financeiro da Múltiplos Investimentos, João Scognamiglio, a inflação brasileira tem se comportado de maneira atípica, mesmo com índices mais baixos até então. "A taxa Selic no Brasil vem caindo desde agosto de 2016, saindo de um patamar de 14,25% ao ano para 2% no início de 2021. Porém, desde meados de 2020, temos visto um fenômeno inusitado: a inflação tem se mostrado superior à taxa Selic e segue aumentando a diferença." 


A inflação anual acumulada do último mês de março ultrapassou os 6% ao ano, valor que não era atingido desde o final de 2016. O boletim Focus também considerou um quarto aumento de projeção para a inflação ao fim de 2021, pressionando ainda mais a decisão do COPOM. "A expectativa é que esse aumento de 0,75% seja seguido por mais um aumento da mesma natureza em junho e dois ou três aumentos menores até o fim do ano", projeta Scognamiglio. 


Para o planejador financeiro, mesmo com a mudança, ainda não é um momento oportuno para alterar estratégias de investimento. "Com mais um ajuste da Taxa Selic, é natural que a renda fixa passe a ter mais atratividade. Por outro lado, é importante lembrar que ainda temos uma taxa de juros muito abaixo da inflação. Por esse motivo, o investidor não deve mudar sua estratégia de investimento com esse aumento", orienta. 


Pela perspectiva da renda variável, Scognamiglio aponta como natural que haja um desaquecimento à medida que a taxa de juros suba. Todavia, não é uma regra, apenas uma tendência. "É importante levar em consideração a natureza de cada investimento. Não é porque há menos atratividade que um investimento se torna ruim do dia para a noite. Muito pelo contrário, se você tem uma boa empresa ou um bom imóvel com um preço mais baixo, melhor para você, como investidor. A estratégia do investidor não deve mudar com o aumento da Selic, apesar que será possível que vejamos um aquecimento na renda fixa e boas oportunidades na renda variável, principalmente no longo prazo." 


Do Diario de PE / (Foto: Pixabay)