“Estamos no processo de pensar como isso vai trafegar e quais são os preços. Muito provavelmente, vamos começar numa situação em que o lojista recebe para fazer esse serviço”, disse Campos Neto, durante evento promovido, ontem, pela Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel)
Os novos serviços permitirão que qualquer comércio, por menor que seja, ofereça as opções de saque e troco em espécie, desde que tenha uma caixa registradora. O presidente do BC explica que as funções permitirão tanto o saque “puro”, em dinheiro, como o pagamento de produtos com valor a mais, para receber o troco. “Se a pessoa comprou um item por R$ 10 e precisa de R$ 10 para ir a outro estabelecimento, ela poderá pagar R$ 20”, exemplificou o presidente do BC.
Segundo Campos Neto, as facilidades não só tornarão os saques mais acessíveis nas capitais e centro metropolitanos, como promoverão a inclusão, uma vez que os serviços de saque também serão disponibilizados em pequenos municípios sem agências bancárias. “Nessas localidades, a pessoa tem que sair, pegar uma van e ir para outra localidade (para sacar dinheiro). A gente entende que o Pix acabou gerando essa inclusão”, disse.
Aos comerciantes, o modelo também será interessante, pois diminuirá custos de transporte de numerário, além de gerar mais segurança, por não permanecer com muito dinheiro em caixa, disse o presidente do BC.
Para Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, a inclusão dos serviços de saque e troco em dinheiro pelo Pix é necessária e irá suprir o cenário cada vez mais escasso de agências bancárias. “O número de agências está diminuindo vertiginosamente no mundo. O processo de digitalização tem aumentado muito a produtividade, tanto da mão de obra, mas principalmente do capital em sua alocação”, diz.
Para Sanchez, os saques por Pix não serão concorrentes dos bancos, mas ampliarão o acesso da população ao dinheiro físico. “Irá aumentar a velocidade de circulação da moeda, o que tende a ser benéfico para o PIB brasileiro”, reforçou.
Bruno Mansur, especialista em investimentos, explica que, além de aumentar a capilaridade de pontos de saque em território nacional, a iniciativa será muito positiva para startups financeiras digitais. “Irá aumentar a competitividade entre instituições financeiras menores e fintechs que não teriam acesso ao grande público”, disse.
Proprietário de uma lanchonete em Vicente Pires, o comerciante Eduardo de Franca, 43 anos, aprovou a novidade.
“A hipótese de saque nos estabelecimentos por meio do Pix possibilita ao estabelecimento potencializar a atividade comercial, pois é grande a probabilidade de uma “transação bancária” se consubstanciar também em uma transação comercial”, afirmou.
Do Correio Braziliense / Foto: Raphael Ribeiro/BCB - 26/9/19