sábado, 20 de novembro de 2021

Auxílio emergencial impulsiona queda da concentração de renda em Pernambuco no ano de 2020

Alcançando 30,7% dos domicílios do estado, os programas sociais, incluindo o Auxílio Emergencial, contribuíram para o aumento da distribuição de renda em Pernambuco durante o ano de 2020. De acordo com a PNAD Contínua 2020: Rendimento de todas as fontes, divulgada nesta sexta-feira (19) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a concentração de renda domiciliar per capita, que é medida pelo Índice de Gini, passou de 0,574 em 2019 para 0,536 no ano passado. Quanto mais perto de zero, menos desigual é a economia. Apesar da queda, o resultado pernambucano está acima da média nacional, de 0,524, da média nordestina, 0,526, e é o sexto maior do país.


No entanto, mesmo com o aumento da distribuição, a massa total do rendimento médio mensal real domiciliar per capita no estado caiu 6,8%, saindo de R$ 9 bilhões em 2019 para R$ 8,4 bilhões em 2020. No país, a redução foi menos intensa, 3,6%. Já o rendimento médio mensal real per capita por domicílio teve queda de 7,4% entre 2019 e 2020, passando de R$ 953 para R$ 882. 


No estado, a análise da concentração de renda por meio da distribuição da população por classes de rendimento domiciliar per capita aponta um resultado semelhante. Em Pernambuco, os 10% da população que possuem menores rendimentos detinham apenas 0,6% de todo o rendimento médio mensal produzido no ano passado, o mesmo percentual foi obtido em 2019. Enquanto isso, os 10% da população que possuem maiores rendimentos ficaram com 41,6% do total em 2020. Apesar de permanecer elevada, a porcentagem registrou uma queda em comparação a 2019, quando o resultado foi de 46,3%. 


Além disso, as pessoas que fazem parte do 1% da população com rendimentos mais elevados, cerca de R$ 11.201 por mês, receberam, em média, 39,3 vezes o rendimento dos 50% da população com os menores rendimentos em 2020. No ano anterior, essa proporção ultrapassou 50 vezes. 


PROGRAMAS SOCIAIS

O percentual de domicílios que receberam rendimentos de programas sociais, que incluem o auxílio emergencial, teve um salto de 0,9% em 2019 para 30,7% em 2020 no estado. No país, o aumento foi semelhante, de 0,7% para 23,7%. Já o Benefício de Prestação Continuada (BPC), que corresponde a um salário mínimo, foi pago, por mês, a 4,2% das famílias com idosos e deficientes físicos que comprovaram baixa renda em 2020, contra 5,2% em 2019. 


RENDA DO TRABALHO

Entre os pernambucanos, 5,3 milhões de pessoas (56% da população) tinham algum tipo de rendimento em 2020. No entanto, a proporção da renda do trabalho diminuiu no ano passado: o contingente que se enquadrou nessa categoria foi de 32,3% da população, ou 3 milhões de pessoas, contra 37% (3,5 milhões) em 2019. Por outro lado, 30,2% dos pernambucanos (2,8 milhões) possuíam algum rendimento proveniente de outras fontes em 2020, enquanto, em 2019, essa estimativa era de 25,6% (2,4 milhões). Entre as outras fontes, estão aposentadorias, pensões, programas sociais governamentais, aluguel ou arrendamento, mesadas ou doações e aplicações financeiras.


Pela primeira vez desde o início da PNAD Contínua, em 2012, o número de aposentados e pensionistas em Pernambuco foi ultrapassado pela quantidade de beneficiários da categoria outros rendimentos, que engloba os programas sociais do governo, como auxílio emergencial e Bolsa-Família, seguro-desemprego/seguro-defeso e rendimentos de poupança, entre outras ações. Enquanto os aposentados e pensionistas compunham 11,1% da população em 2020, ou pouco mais de um milhão de pessoas, quem se enquadra em outros rendimentos soma quase 1,7 milhão de pessoas (17,7% da população). Com percentuais bem menores, estão as categorias de pensão alimentícia, doação ou mesada de não morador (1,4%) e aluguel e arrendamento (0,7%).


POPULAÇÃO OCUPADA

Quando se considera o rendimento médio mensal real de todas as fontes, seja por meio do trabalho ou de outras fontes de renda, o valor em Pernambuco foi de R$ 1.570 em 2020, contra R$ 1.648 em 2019. No ano passado, o rendimento habitualmente recebido de todos os trabalhos resultou em uma massa mensal de rendimento de aproximadamente R$ 5,5 bilhões, 7,3% a menos que em 2019. Entre os fatores que ajudam a explicar essa queda, está a forte redução, de 12%, da população ocupada no estado, especialmente dos trabalhadores mais vulneráveis, como trabalhadores por conta própria, domésticos e empregados sem carteira. 


No entanto, mesmo com menos pessoas trabalhando, o rendimento médio mensal real per capita de todos os trabalhos aumentou de R$ 1.772 em 2019 para R$ 1.805 em 2020. Com esse resultado, é possível que os trabalhadores ainda ocupados tenham renda maior, puxando a média para cima.


Já o rendimento médio mensal de outras fontes em 2020, de R$ 992, é o menor desde 2012. Esse valor também é 14,7% menor do que o de 2019. Ao contrário do que ocorreu no Brasil, foram os alugueis e arrendamentos que tiveram o maior rendimento no ano passado em Pernambuco, de R$ 1.964, alta de 15,4% perante o ano anterior. Na sequência, estão as aposentadorias e pensões (R$ 1.574), outros rendimentos (R$ 589) e pensões alimentícias, doações e mesadas de não-morador (R$ 476). 


Do Diario de PE / Foto: (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)