Preços administrados pela Petrobras são responsáveis por 34,5% da alta de 1,62% do IPCA em março. Essa foi a maior elevação em 28 anos para esse mês. Com isso, o acumulado em 12 meses vai para 11,30% e representa mais um desafio para a próxima reunião do COPOM em maio.
Gasolina, óleo diesel, gás de botijão e gás veicular representaram juntos 0,56 p.p. do IPCA de março. O maior impacto veio da gasolina, com alta de 6,95%, respondendo por 0,44 p.p ou 27,1%. O problema é que o aumento se espalha nos demais itens que dependem desses insumos energéticos.
Essa foi a maior taxa para meses de março desde 1994. Ou seja, em 28 anos, pouco antes da implantação do Plano Real. É também a maior inflação mensal desde janeiro de 2003 (2,25%). No acumulado de 12 meses, foi o maior patamar desde outubro de 2003, quando atingiu 13,98%.
O desafio para o Comitê de Política Monetária (COPOM) do Banco Central em sua reunião de maio está ainda maior. Com uma expectativa de crescimento baixo para 2022, mas com inflação persistente, continuar elevando a SELIC vai piorar ainda mais o cenário econômico brasileiro.
O ritmo da inflação deve ceder a partir de abril, mas vai depender do comportamento do preço do petróleo no mercado internacional. O Real tem se valorizado, ajudando a reduzir a pressão na parte cambial da composição do preço, mas as tensões internacionais ainda não diminuíram. A retirada das bandeiras tarifárias na conta de energia elétrica deve impactar diretamente o IPCA, e indiretamente, pois também é um insumo energético importante.
Por Ecio Costa / Diario de PE