terça-feira, 16 de agosto de 2022

Retorno ao trabalho 100% presencial leva profissionais a buscar novos empregos

O mercado de trabalho se transformou por completo desde o início da pandemia. As pessoas passaram a rever conceitos, a repensar o que efetivamente é importante para elas e, consequentemente, a cogitar novos rumos. Segundo pesquisa da Robert Half, que entrevistou 1.161 profissionais em todo o país, 39% dos colaboradores buscariam um novo emprego se a empresa onde trabalham atualmente decidisse não oferecer uma opção, ao menos, parcialmente remota.


A pesquisa aponta que muitos profissionais tiveram a oportunidade de vivenciar o trabalho remoto ao longo dos últimos anos e boa parte deles não quer abrir mão da flexibilidade conquistada. “Não é mais novidade a necessidade de diálogo entre empresas e funcionários para definir qual será a melhor experiência de trabalho daqui em diante”, afirma Fernando Mantovani, diretor-geral da Robert Half para a América do Sul.


Segundo o especialista, cada profissional, empresa ou área se relaciona com o trabalho remoto de maneira muito particular. “Teve quem mudou de cidade, quem resolveu buscar uma vida mais tranquila, quem passou a conviver mais com os filhos e não quer abrir mão disso”, explica. “Assim como há quem sinta a necessidade de ir ao escritório para produzir e evitar distrações. Sem dúvidas, a melhor forma de lidar com essas peculiaridades é por meio do diálogo aberto, transparente e da inclusão do colaborador nessa decisão de retorno”, argumenta.


Home office como modalidade de trabalho

 

Até o começo de 2020, o trabalho remoto não fazia parte da realidade da maioria dos trabalhadores brasileiros. De acordo com os entrevistados, apenas 21% tinham a possibilidade de trabalhar de casa antes da pandemia. Entre os recrutadores, 26% disseram que já ofereciam home office como parte do pacote de benefícios corporativos.


No entanto, a sociedade passou por disrupções que promoveram mudanças no cerne do mercado. Ficou claro ser possível contribuir para a prosperidade dos negócios, independentemente da localização geográfica em relação à organização. Se antes o trabalho remoto era visto como um benefício, hoje o colaborador tem a consciência de que está diante de um modelo de trabalho preparado para o futuro.


Essa percepção é compartilhada por todas as categorias entrevistadas pela Robert Half. Entre os empregados, 77% enxergam o home office como um modelo de trabalho. Já entre os recrutadores, 72% emitem a mesma opinião. Ao ouvir os desempregados, a porcentagem atinge 80%.


Preferência pelo híbrido

 

A possibilidade de manter a vida pessoal em equilíbrio com a profissional sem perder por completo o poder do encontro físico fez com que o modelo híbrido, aquele que mescla dias no escritório e dias em casa, se destacasse entre empresas e profissionais. Na visão de 77% dos empregados, esse é o melhor modelo de trabalho. Em seguida, 17% indicam o trabalho remoto e apenas 6% o modelo integralmente presencial.


Por: Fernanda Strickland - Correio Braziliense | Foto:  Marcelo Camargo/Agência Brasil