quinta-feira, 9 de fevereiro de 2023

Comércio fecha 2022 com alta de 1%, menor crescimento desde 2016

As vendas no varejo cresceram 1% em 2022, menor crescimento desde 2016, quando houve queda no setor. O desempenho modesto tem relação com a inflação alta, que freou o consumo dos brasileiros no ano passado. Em dezembro, as vendas voltaram a cair. Os dados são da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), divulgada nesta quinta-feira (9) pelo IBGE.


 

Veja os destaques:

Em dezembro, as vendas no comércio recuaram 2,6% ante novembro. É a segunda queda consecutiva


Na comparação com dezembro de 2021, o setor variou 0,4%.


O setor de hiper e supermercados, que é o de maior peso na pesquisa, está há dois meses no campo negativo, embora tenha encerrado o ano com ganho acumulado de 1,4%.


O setor de combustíveis e lubrificantes foi um dos que ajudou a manter as vendas do comércio positivas no ano, com alta acumulada 16,6%.



O segmento de livros voltou a crescer com o retorno presencial das aulas. Desde 2013, o segmento não tinha avanço nas vendas.


O que diz o IBGE

Segundo o IBGE, o resultado das vendas do comércio em 2022 está muito próximo ao dos anos anteriores. Em 2021, por exemplo, houve ganho de 1,4%.


Um dos segmentos que mais contribuíram para que o varejo mantivesse o resultado positivo foi o de combustíveis. Com o corte do ICMS sobre esses produtos a partir de julho, o consumo de gasolina e outros combustíveis cresceu.


O gerente da pesquisa, Cristiano Santos, lembra que, nos dois últimos meses de 2022, o segmento teve quedas fortes, superiores a 5%. Ainda assim o desempenho no ano foi o segundo melhor na série histórica.



No caso do segmento de hiper e supermercados, a alta em 2022 é explicada, em parte, pela queda de 2,6% no ano anterior. Também reflete a escalada da inflação e a ampliação do Auxílio Brasil.


Em 2022, tivemos o efeito da inflação elevada sobretudo em alimentos, o que favorece mais esse setor que outros, já que muitos deixam de consumir outro tipo de produto para continuar comprando esses itens básicos. No último trimestre, tivemos também o efeito do aumento do Auxílio Brasil, alcançando as famílias de menor renda que tendem a usar o valor do benefício em hiper e supermercados, analisa Santos.


Volta às aulas presenciais

O segmento de livros, jornais, revistas e papelaria também acumulou um aumento de dois dígitos em 2022 (14,8%). O crescimento é associado ao retorno da circulação de pessoas e das aulas presenciais. Essa atividade não acumulava alta, frente ao ano anterior, desde 2013.


É um setor que acumula perdas ao longo dos anos, por causa do esvaziamento das lojas físicas. O que explica esse crescimento no ano é a venda de materiais didáticos em um momento de volta às salas de aula de forma presencial, destaca o pesquisador.



Material de construção (-8,7%), Outros artigos de uso pessoal e doméstico (-8,4%), e Móveis e eletrodomésticos (-6,7%) tiveram quedas. Esses segmentos cresceram bem nos dois primeiros anos de pandemia, com as pessoas em casa. No ano passado, com a rotina voltando à normalidade, apresentaram queda.


Por Agência O Globo | Foto: Tânia Rêgo / Agência Brasil