sábado, 11 de fevereiro de 2023

Crise econômica e efeitos da pandemia ainda atingem indústria de Pernambuco

Os efeitos da pandemia e da crise econômica nacional ainda atingem a indústria de Pernambuco e a nacional. O estado teve uma expansão industrial de 2,7% em dezembro de 2022, enquanto a indústria nacional teve uma variação nula de (0,0%) na nova série com ajuste sazonal. No acumulado do ano, entretanto, a produção pernambucana caiu 2,3%, acima da média da região Nordeste (-1%) e da média nacional (-7%). 


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Os dados são da Pesquisa Industrial Mensal Regional (PIM-PF), divulgada pelo IBGE nesta sexta-feira (10), na qual 15 estados foram pesquisados. Quando se compara dezembro de 2022 com o mesmo período de 2021, Pernambuco teve o sexto pior percentual entre as 15 localidades pesquisadas, também com recuo de 1,7%. O Brasil, por sua vez, apresentou uma queda menos acentuada de 1,3%.


    

Em dezembro 2022, apenas quatro das 12 atividades industriais pesquisadas tiveram resultados positivos em Pernambuco: fabricação de outros equipamentos de transporte, exceto veículos automotores (34,5%), fabricação de bebidas (11,1%), fabricação de sabões, detergentes, produtos de limpeza, cosméticos, produtos de perfumaria e higiene pessoal (6,4%) e fabricação de produtos alimentícios (4,4%). Os piores desempenhos ficaram com a fabricação de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-38%), metalurgia (-31%) e fabricação de celulose, papel e produtos de papel (-25,5%). 


Comparando o acumulado de 2022 com o resultado de 2021, a indústria teve maior destaque para a fabricação de outros equipamentos de transporte, exceto veículos automotores, cujo avanço foi de 41,3%.

 

Segundo Cézar Andrade, economista da Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco, embora a pandemia estivesse pior em 2021 e apresentado melhores resultados em 2022, o setor industrial continua tendo dificuldades de encontrar matéria prima para a produção. Ele citou também, como causas do desempenho negativo, o aumento dos juros para 13,75%, o que afeta diretamente o custo e o acesso ao crédito por parte dos empresários. “A gente tem a alta da inflação, que impacta na renda das famílias, e apenas quatro setores não foram prejudicados. O setor de alimentos, por exemplo, mesmo com a renda afetada, as pessoas não deixam de comprar alimentos”, explicou. 


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Já o setor de serviços em Pernambuco teve um crescimento de 1,4% em dezembro e uma alta ainda maior, de 11,2% no acumulado do ano, fechando o ano de forma positiva.


“O setor de serviços ainda passa por um movimento de altas consecutivas no faturamento desde abril de 2021, quando iniciou o processo de mais firme reabertura após o estágio mais crítico da pandemia. Pernambuco ainda segue essa tendência que é nacional e, desde então, são 21 meses seguidos de variação positiva. Em dezembro, por exemplo, o crescimento foi de 6,8% em relação ao mesmo mês de 2021. No acumulado do ano, o estado demonstra avanço maior que a média nacional, com essa variação de 11,2%, que no Brasil foi de 8,3%”, destacou o presidente da Fecomércio, Bernardo Peixoto.


Segundo Bernardo, na comparação de um mês com o mês imediatamente anterior, por outro lado, de fato observa-se uma desaceleração. “Em março do ano passado o setor acumulava alta de 17,0% em 12 meses, e fechou o ano com 11,2%. Esse movimento reflete, por um lado, a acomodação de uma demanda reprimida que as famílias tiveram até o primeiro semestre de 2021 e que sanaram a partir do segundo semestre do mesmo ano e, por outro, a deterioração do poder de compra, principalmente ao longo do primeiro semestre de 2022, com forte aumento de preços em itens essenciais e avanço do endividamento, impactando assim a renda disponível para a demanda por serviços”, acrescentou.


Do Portal Folha de Pernambuco - Foto: João Paulo Lacerda/CNI