Risco de inflação mais elevada, causada pelo adiamento da apresentação do arcabouço fiscal, pesou mais na decisão do Banco Central em manter a SELIC em 13,75%. A decisão do Banco Central em manter a taxa de juros em 13,75% gerou novas declarações do Governo que ajudaram para que o Ibovespa caísse para o menor patamar desde julho de 2022, abaixo dos 100.000 pontos.
O Real se desvalorizou por conta da decisão e é importante entender o que está por trás da decisão do Comitê de Política Monetária (COPOM). Junto com a decisão, eles divulgaram um comunicado onde ressaltam que nos cenários para a inflação há fatores de risco de alta e de baixa.
Entre os riscos de alta para o cenário inflacionário e as expectativas de inflação, se destacam uma maior persistência das pressões inflacionárias globais, onde há vários países que continuam com a inflação pressionada; e o principal motivo, a incerteza do arcabouço fiscal.
Ainda não são conhecidos os impactos fiscais nem as expectativas da trajetória da dívida pública já que o arcabouço fiscal ainda não foi apresentado pelo governo Lula nem pelo Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, pois foi adiado para a volta da viagem deles à China.
O terceiro aspecto tem relação com a ancoragem maior ou mais duradoura das expectativas de inflação para prazos mais longos. Ao observar o IPCA para esse ano e para o ano que vem, ele tem apresentado uma trajetória de alta nas expectativas do Boletim Focus do Banco Central.
Na parte dos riscos de baixa da inflação, são mencionados uma queda adicional do preço das commodities internacionais em moeda local, como o petróleo, que caiu bastante recentemente; uma desaceleração da atividade econômica global mais acentuada do que o projetado.
Em particular, em função das condições adversas do sistema financeiro global. E, por último, uma desaceleração na concessão doméstica de crédito maior do que seria compatível com o atual estágio do ciclo de política monetária, causado pelas crises da Americanas, principalmente.
Mas, o resultado mostrou que, primeiro, a manutenção da SELIC já era esperada, só que o comunicado trouxe preocupação, e agora se fortalece uma previsão de que, em maio, talvez a SELIC seja mantida em 13,75%, retardando ainda mais o processo de queda dos juros.