Cálculo foi atualizado em parceria com o Ministério do Desenvolvimento e representa um quinto do PIB. Baixa qualificação de mão de obra pesa mais
O chamado Custo Brasil, conjunto de entraves no ambiente de negócios do país que onera as empresas, equivale a R$ 1,7 trilhão por ano. O cálculo foi atualizado pelo Movimento Brasil Competitivo (MBC), uma organização apartidária da sociedade civil, em parceria com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).
Em 2019, quando foi feito o primeiro levantamento, esse valor era de R$ 1,5 trilhão.
Para se chegar a esse valor, foram levados em consideração fatores "da porta para fora das empresas brasileiras", que as tornam menos competitivas durante seu ciclo de vida em relação à média dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Entraram na conta a qualidade da mão de obra brasileira, acesso das companhias à infraestrutura, ambiente regulatório, sistema tributário, acesso a capital, tempo de abertura de uma empresa, participação na cadeia global de produção, entre outros.
— No total, 12 fatores compilados foram comparados às condições oferecidas nos países da OCDE para as empresas operarem. Transformados em dinheiro, chegamos a um valor de R$ 1,7 trilhão de oneração anual, seja para indústria, comércio e serviços. É esse valor que o setor produtivo gasta a mais por ano para fazer negócios no Brasil — diz Rogério Caiuby, conselheiro executivo do MBC, lembrando que o Custo Brasil atinge empresas de todos tamanhos, trazendo como consequência o encarecimento de preços de produtos e serviços, redução de investimentos e de oferta de novos empregos.
Há quatro anos, o valor calculado correspondia a 22% do Produto Interno Bruto (PIB). O valor atual equivale a 19,5% do PIB, embora tenha apresentado um aumento nominal de 16%. Com a inflação do período e o crescimento do PIB proporcionalmente, a comparação ficou menor do que em 2019.
O levantamento que atualizou o Custo Brasil foi feito em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV). Usou a mesma metodologia do primeiro estudo para agrupar os fatores que mais pesam negativamente na operação das empresas. Entre os pontos que mais impactam no Custo Brasil, diz Caiuby, está o capital humano. O país sofre com a baixa qualificação da mão de obra, o que dificulta a entrada de profissionais no mercado de trabalho.
— Só esse item tem custo de R$ 335 bilhões ao ano, o equivalente a 20% do Custo Brasil. A baixa qualificação retarda a entrada dessa mão de obra no mercado de trabalho e as empresas têm que investir tempo para qualificar esses profissionais. É a materialização do fato de o brasileiro ter pouco acesso a uma educação de qualidade — diz o conselheiro, lembrando que a penetração do ensino técnico do país não chega a 11% enquanto, na Alemanha, é de 45%. Para continuar lendo, clique AQUI! (Foto: Pexels)