sábado, 13 de maio de 2023

Petrobras: fim da paridade internacional pode afetar resultados

Para analistas, lucro dependerá de aumento nas vendas e queda no preço dos combustíveis não chegaria por completo aos postos


O fim da política de paridade de importação (PPI) pela Petrobras com o objetivo de reduzir os preços da gasolina e do diesel ao consumidor final pode não só afetar os resultados financeiros da estatal como não chegar por completo nos postos de combustíveis, dizem especialistas do setor.


O presidente da companhia, Jean Paul Prates, disse ontem que a empresa vai anunciar na próxima semana nova estratégia comercial, que vai levar em conta a produção brasileira, a cotação internacional e o perfil do cliente.


Segundo Marcus D’Elia, sócio da Leggio Consultoria, a lucratividade da companhia com a nova estratégia comercial vai depender do equilíbrio entre os preços menores que serão praticados pela Petrobras com o fim do PPI e o aumento nas vendas.


Porém, ele alerta que a Petrobras, mesmo reduzindo os preços nas refinarias, vai depender das distribuidoras para o repasse na bomba.


Impacto na concorrência


Segundo D’Elia, como cerca de 20% a 30% dos combustíveis são importados, essas distribuidoras vão fazer um mix entre os preços da Petrobras, que serão menores, e os dos importadores, que tendem a acompanhar em tempo real as cotações internacionais:


— Ao fazer esse mix, o preço médio não vai cair na mesma proporção. Ou seja, essa queda no preço que a Petrobras pretende fazer pode não chegar na bomba. Portanto, o preço ao consumidor será composto em média por 76% do preço Petrobras e 24% pelo preço dos importadores. Lembrando que, no Brasil, os preços são livres e não cabe ao governo definir o valor de venda do combustível na bomba.


O especialista Pedro Rodrigues, sócio da consultoria CBIE, acredita que, ao acabar com o PPI, os resultados financeiros da estatal podem ser afetados, já que a companhia vai perder o chamado “custo de oportunidade”, uma vez que diesel e gasolina têm preços cotados no mercado internacional:


— Fico sem entender, pois, se a Petrobras não vai seguir o PPI e não vai se desgarrar das cotações internacionais, como os preços serão “inexoravelmente mais baixos” (como disse Prates em entrevista ao GLOBO na edição de ontem)? Se ela começa a vender combustível mais baixo, deixa dinheiro na mesa, e isso afeta a rentabilidade. Para continuar lendo, clique AQUI! (Foto: Tomaz Silva / Agência Brasil)