A produção industrial brasileira mostrou perda de ritmo e apresentou retração de 0,6% em julho. Segundo os dados da Pesquisa Industrial Mensal (PIM), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta terça-feira (5), na comparação com o mesmo período do ano passado, a queda é de 1,1%.
Com o resultado, no ano, a indústria acumula retração de 0,4%, com variação nula no acumulado dos últimos 12 meses, ficando 2,3% abaixo do patamar pré-pandemia, em fevereiro de 2020. O levantamento mostrou um perfil disseminado de taxas negativas, com três das quatro grandes categorias econômicas e 15 dos 25 ramos pesquisados registrando recuo na produção.
As principais influências negativas entre as atividades foram dos setores de veículos automotores, reboques e carrocerias (-6,5%), indústrias extrativas (-1,4%), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-12,1%) e máquinas e equipamentos (-5%).
Para o analista da pesquisa, André Macedo, o programa de incentivo à indústria automotiva, subsidiado pelo governo, não foi capaz de alterar o cenário nas fábricas. “O que a pesquisa captou pelos dados de junho e julho é que, em um primeiro momento, esse estímulo rebate nas vendas porque o setor já tinha um nível alto de estoque”, explicou.
As atividades extrativas, por sua vez, interromperam dois meses seguidos de crescimento, que totalizam -4,3% no período de maio a junho. A queda, entretanto, não alterou a trajetória de aumento. “É o setor de principal impacto positivo no resultado do acumulado do ano, com expansão de 7%”, ressaltou o pesquisador.
Outros setores que influenciaram no resultado de julho foram confecção de artigos do vestuário e acessórios (-8%), de produtos de metal (-4,8%) e de produtos de borracha e de material plástico (-3,8%). Por outro lado, entre as nove atividades que apontaram expansão na produção, destaque para produtos farmoquímicos e farmacêuticos (8,2%), que interromperam três meses consecutivos de queda na produção, com perda acumulada de 17,7%. Macedo lembrou que o setor, historicamente, tem um perfil mais volátil.
Alimentos
Outros dois setores que se destacaram foram produtos alimentícios (0,9%) e coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (0,7%). O setor de alimentos marca o primeiro resultado positivo desde dezembro de 2022, impulsionado pelo avanço da expansão de produção de açúcar, soja e carne bovina. Já o último eliminou parte do recuo de 3,4% registrado em junho.
Entre as grandes categorias econômicas, na comparação com o mês anterior, o resultado de junho foi de queda para bens de capital (-7,4%) e bens de consumo duráveis (-4,1%). O setor de bens intermediários também recuou (-0,6%). Por outro lado, o único avanço no mês veio de bens de consumo semiduráveis e não duráveis (1,5%), contribuindo para o crescimento de 0,7% verificado em junho.
Por: Rafaela Gonçalves - Correio Braziliense | Paulo Lacerda/CNI/Divulgação