Administrar as finanças da casa é um desafio para muitas famílias, mas planejamento e organização podem mudar esta realidade
Administrar as próprias finanças é um dos problemas enfrentados por muitas famílias. A falta de conhecimento sobre educação financeira contribui para os índices de acúmulo de dívidas, pagamento com elevados juros e descontrole do orçamento mensal. Um estudo da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), que analisou os índices de endividamento e inadimplência dos consumidores, constatou que 78,5% das residências brasileiras acumulam dívidas.
No entanto, se você almeja uma gestão financeira eficiente, evitar o fardo da dívida e projetar um futuro tranquilo, é essencial compreender a importância da educação financeira na proteção das suas finanças. Para além de garantir que suas contas estejam quitadas e que você encerre cada mês com um saldo positivo, a educação financeira inclui a necessidade de estabelecer uma organização sólida nas despesas do cotidiano, bem como planejar cuidadosamente suas finanças a curto, médio e longo prazo.
Em entrevista à Folha de Pernambuco, Sarai Molina, economista e gerente da área educacional da corretora do Banco Bradesco, a Ágora Investimentos, trouxe conhecimentos essenciais para aqueles que se interessam e desejam melhorar sua relação com o dinheiro, de modo a capacitar o entendimento da educação financeira e a sua aplicação cotidiana de maneira prática. Ela foi responsável por mediar a palestra denominada "Multiplicando seu dinheiro: Quem se prepara tem mais chances de multiplicar seu dinheiro”. A apresentação ocorreu no espaço do Banco desenvolvido para o REC 'n' Play 2023.
Sarai Molina explicou que o ponto de partida para organizar as finanças pessoais é determinar a receita disponível e estabelecer limites de gastos são elementos essenciais da gestão financeira.
Seguindo essa linha de pensamento, a “regra 50 30 20” foi uma das técnicas indicadas pela especialista. Ela é definida em três categorias principais: 50% das finanças para necessidades básicas, como moradia e alimentação; 30% para desejos pessoais, abrangendo bens e serviços não essenciais; e, por fim, 20% para poupança, quitação de dívidas ou investimentos, visando construir uma reserva.
De acordo com a representante da corretora de investimentos, a técnica tradicional do orçamento em planilha também se revela eficaz. Listar todas as despesas, simplifica a alocação dos recursos conforme as necessidades individuais. Ao manter um registro completo, você evita desorganização e mantém o controle financeiro em dia.
Conheça seu perfil investidor
O perfil de investidor é uma avaliação que parte da análise das suas características pessoais em relação a investimentos, com foco no nível de risco que você está disposto a assumir. Conservador, dinâmico, moderado ou arrojado? Molina esclareceu que dentre as diferentes possibilidades, determinar o seu perfil é crucial para entender a carteira de investimentos que melhor atenda às suas metas financeiras.
“Quando ela (a pessoa) está consciente disso, ela passa a buscar produtos vinculados ao seu perfil, que sejam compatíveis com aquilo que ela gosta. Nenhuma aplicação de investimento é sem risco e nenhuma aplicação de investimento lhe dá garantia de rentabilidade. Então, a pessoa tem que buscar produtos juntamente de empresas que tenham uma confiabilidade e uma transparência com relação às informações e investimentos”, disse.
Dessa forma, a especialista deixou recomendações de investimentos com base nas metas financeiras de seus clientes, considerando o equilíbrio entre risco e retorno. Para metas de curto prazo, como necessidade de resgatar o dinheiro imediatamente, algumas opções são Tesouro Direto - Selic, títulos bancários e fundos de investimento, todos oferecendo alta liquidez.
Para objetivos de médio prazo, de 2 a 5 anos, Sarai sugeriu Tesouro Direto (nas modalidades Pré e IPCA), fundos de multimercados, Certificado de Operações Estruturadas (COE) e fundos de renda fixa, oferecendo um equilíbrio entre risco e retorno.
No caso de metas com longo prazo, acima de 5 anos, ela recomendou ações, fundos de ações, debêntures, CRI e CRA, além de planos de previdência, com o potencial de proporcionar maiores retornos ao longo do tempo.
Mudança de hábitos
Em algumas ocasiões, a ausência de conhecimento pode impedir que uma pessoa realize transformações em sua vida. Julio Pinto, um estudante de 21 anos, que acompanhou a palestra sobre organização financeira, lamentou por não ter acesso a conteúdos relacionados a finanças, especialmente durante o ensino médio e aproveitou a oportunidade para começar a se integrar na temática.
“Não conhecia nada do mercado financeiro e a palestra foi bem importante, conheci várias formas de investimentos, e ainda ganhei um curso”, disse.
Por outro lado, para aqueles que já possuíam afinidade com as finanças, entender quais caminhos podem ser seguidos no cenário dos investimentos é uma oportunidade de aprimorar os conhecimentos preexistentes, e assim, redirecionar os recursos poupados. Camilly Neri, 18 anos, também é estudante e compareceu à palestra da instituição bancária.
“Desde os 16 anos eu sempre guardei dinheiro em poupança e sempre busquei me organizar financeiramente, através de planilha e de toda forma que eu pudesse organizar o meu dinheiro. Sempre busquei independência financeira, seja por forma autônoma ou como agora no momento, que eu já tenho um emprego. E dessa forma eu consigo render o meu dinheiro”, revelou.
Da Folha de Pernambuco | Foto: TV Brasil