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segunda-feira, 19 de fevereiro de 2024

Por Ecio Costa: Exportações brasileiras em risco

Alta concentração em um único país faz com que risco seja maior para as exportações brasileiras. Fora a China, em 7º lugar, Brasil não aparece entre os maiores vendedores dos outros 9 maiores importadores globais. Nas demais economias, o Brasil aparece em 14º ou pior.

 


Em 2023, o Brasil só subiu no ranking dos maiores exportadores em três dos dez maiores importadores globais: China, Japão e Reino Unido. Na China, subiu do 9º para o 7º lugar. Em 4 dos 10 destinos - EUA, o maior importador do mundo, Coreia do Sul, Índia e Itália - os produtos brasileiros perderam posição.


 

A China é o segundo maior importador do mundo. Há dez anos a fatia brasileira nos desembarques chineses era de 2,8%. Em 2023, subiu para 4,8%. As importações chinesas tiveram queda de 5,9% em 2023, mas as exportações brasileiras para lá aumentaram 11,8% em relação a 2022.


 

Na venda aos americanos, o Brasil perdeu uma posição e caiu para o 18º na lista de maiores fornecedores. A fatia de participação dos produtos brasileiros na importação dos EUA ficou estável, em 1,2%. A China concentra 30,7% das exportações brasileiras e os EUA, 10,9%.




Ou seja, 41,6% das exportações brasileiras vão para somente 2 países, deixando os demais 8 maiores importadores mundiais com 13,4% de participação nas exportações brasileiras. Outro grande importador brasileiro é a Argentina, com pouco mais de 10% das exportações brasileiras, outro fator de risco.


 

O comércio com os chineses rendeu em 2023 superávit de US$ 51,2 bilhões, o que ajudou bastante para o superávit recorde de US$ 98,9 bilhões, também impulsionado pela forte queda nas importações brasileiras. Com os EUA, o Brasil teve déficit de US$ 1 bilhão.


 

No ano passado, a China deixou de ser o primeiro fornecedor mundial aos EUA, sendo substituído pelo México, num processo claro de nearshoring. O espaço será cada vez mais preenchido pelo México e Canadá, países com quem os EUA têm acordos de livre comércio, diferente do Brasil, que não deverá ter grandes benefícios.


 

E o saldo bastante positivo com a China vem da forte concentração em commodities. Os chineses compraram 73% de toda soja que o Brasil exportou em 2023, além de 64% do minério de ferro e de 47% do petróleo bruto. Os três itens somam 75% do valor que o Brasil vende ao país asiático e representam 37,2% do que o Brasil exportou em 2023, demonstrando a forte concentração e o alto risco.


Perfil - Ecio Costa


Economista pela UFPE, M.S., Ph.D e Pós Doutor em Economia pela University of Georgia - EUA.

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