Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) sobre educação de 2023, divulgada nesta sexta-feira (22) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que o Brasil ainda tem 9,3 milhões de analfabetos. Desse grupo, 8,3 milhões têm mais de 40 anos.Foto: Anderson Stevens/Folha de Pernambuco
No levantamento, o IBGE pergunta aos entrevistados se eles conseguem escrever um bilhete simples. Quem responde “não” é considerado analfabeto. Esse grupo representa 5,4% da população brasileira, uma taxa que é um pouco menor do que no ano anterior, quando foi registrado 5,6% de pessoas que não sabiam ler ou escrever.
Os dados mostram ainda que o número de brasileiros cai vertiginosamente entre os mais jovens. Na faixa etária de 15 a 17 anos, são 50 mil pessoas que não sabem ler e escrever, um reflexo da universalização da educação básica. No entanto, o grande contingente de pessoas ainda analfabetas com mais de 40 anos reflete os problemas das políticas de educação de jovens e adultos (EJA).
Além dessa população que nunca estudou, o Brasil ainda tem 46% da população com mais de 25 anos que não possuem a educação básica completa, de acordo com a Pnad. Todo esse contingente também é o público potencial dos programas de educação de jovens e adultos.
Os investimentos em políticas de EJA têm caído ao longo dos anos. Em 2014, foi de R$ 820 milhões. Já em 2021, chegou ao menor patamar do século XXI, com apenas R$ 6 milhões. Com isso, a EJA perdeu meio milhão de estudantes entre 2018 e 2021. Entre 2022 e 2023, houve nova queda do número de matrículas, de 7%.
No ano passado, O GLOBO revelou que o MEC estava trabalhando em um programa para incentivar que alunos voltem a estudar. Naquele momento, ele previa o pagamento de bolsas de estudos para os estudantes e interlocução com o ensino técnico. As discussões ainda estão ocorrendo no ministério e a expectativa é que ele seja lançado neste ano.
O levantamento do IBGE também aponta que os brasileiros de 15 a 29 anos deixaram a escola por trabalho (45%), falta de interesse (23%) e afazeres domésticos ou cuidar de pessoas (15%). Este último motivo, porém, tem uma enorme diferença entre homens e mulheres. Menos de 1% dos homens deixou as salas de aula para o trabalho não-remunerado, enquanto 36% das mulheres apontaram esse motivo — o que já foi até tema de redação do Enem, em 2023. Confira a matéria completa, clique AQUI.