A pesquisa também apresentou as diferenças entre famílias com renda de até 10 salários-mínimos e aquelas com renda superior a 10 salários-mínimos. Enquanto 32,3% das famílias de menor renda tinham dívidas em atraso, apenas 5,9% das famílias mais ricas estavam nessa situação.
Segundo o presidente da CNC, José Roberto Tadros, esse movimento de crescimento no endividamento é reflexo da queda da taxa de juros, que estimula o acesso ao crédito por conta de um menor custo financeiro. "As projeções da Confederação indicam que o endividamento deve continuar em ascensão, o que exigirá maior atenção ao risco de aumento da inadimplência, especialmente no fim do ano".
De acordo com o economista da Fecomércio-PE, Rafael Lima, o atual cenário de redução de taxas de juros no mercado proporciona a maior facilidade de crédito para os consumidores. "O recente aumento do endividamento e da inadimplência em Pernambuco está diretamente relacionado à maior acessibilidade ao crédito disponibilizada aos consumidores, impulsionada pelo atual cenário de redução das taxas de juros no mercado. Vale ressaltar que esse comportamento não é exclusivo de Pernambuco, mas sim uma tendência nacional. O endividamento é uma ocorrência esperada entre consumidores com menor disponibilidade de renda; no entanto, a preocupação está no avanço da inadimplência, que voltou a crescer após cinco meses de recuos", aponta.
Para o economista Tiago Monteiro, o cartão de crédito é o principal vilão do endividamento em todo o Brasil e Isso se dá porque o ele é visto como uma extensão artificial e imprópria do poder aquisitivo daquela pessoa ou da família e isso somado a falta de educação financeira impulsiona o endividamento. "Então, uma pessoa que ganha um salário mínimo, dois salários mínimos, tem basicamente o dobro ou triplo desse recurso via crédito destinado por um banco. Como ela não foi treinada para gerir os seus recursos e a gente é oriundo de uma sociedade altamente ostentadora, onde gastar é a grande finalidade das coisas, a gente foi treinado justamente para gastar e não para economizar ou investir", destaca.
Ainda segundo Monteiro, a educação financeira e o controle no uso do cartão de crédito podem ser a solução para esse problema. "O que a gente pode fazer é justamente o processo de educar financeiramente as pessoas, mostrar que o dinheiro é finito, que o cartão de crédito pode ser sim um grande aliado se a gente souber utilizá-lo de maneira estratégica", finaliza.
Do Diario de Pernambuco | Foto: Joédson Alves/Agência Brasil