O Brasil registrou o saldo positivo de 106.625 novas vagas de trabalho formais em novembro, de acordo com dados divulgados no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged) nesta sexta-feira (27) pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Para o professor de economia do curso de Direito da Faculdade Central do Recife (FACEN), Márcio Borba, esses dados devem ser comemorados, mas é preciso observar que o país ainda tem 6,8 milhões de pessoas em busca de emprego e cerca de 3 milhões de pessoas em situação de desalento.
De acordo com o professor, o crescimento é reflexo da “dimensão da pujança da economia brasileira, não só do empresário investidor, mas do trabalhador”, Porém, é necessário observar quem está por trás desses índices. Estamos falando de 7 milhões de brasileiros que estão neste momento no drama do desemprego, que não tem para onde ir quando acordam de manhã”, aponta.
Total de desempregados
Além disso, o economista destaca ainda que o Brasil ainda conta com 3 milhões de pessoas desalentadas, aquelas que apesar de desejarem trabalhar, já desistiram de ir em busca das vagas. “Então, nós temos um dado preocupante de 10 milhões de brasileiros que neste final do ano, não têm muito o que comemorar. Apesar disso, uma situação que nos leva a ter uma esperança de melhora é olhar para a parcela de empregados no setor privado, por exemplo, 27% não têm carteira assinada, o que representa 14,4 milhões de pessoas sem CLT, além dos 39,1 milhões de empregados com CLT, 73% do total da iniciativa privada”, aponta.
Ainda de acordo com ele, esse percentual do trabalho informal também deve ser considerado, mesmo que os trabalhadores não tenham amparo das empresas. ”Estamos em um caminho de empregabilidade, apesar de um ambiente instável, com o dólar alto e uma inflação acima da meta, mas apesar disso, a economia está reagindo e contratando. Por um lado nos alegramos, mas ficamos muito preocupados com o que fazer daqui para frente para trazer esse mercado informal para dentro do mercado formal”, afirma.
Desoneração da folha
Ainda de acordo com Márcio Borba, o primeiro passo para ampliar a sustentabilidade do trabalho no Brasil é a desoneração da folha. “Os impostos e os encargos da folha inibem que a empresa contrate. O peso da previdência sobre a folha é absurdamente contraproducente. Por exemplo, uma indústria com 50 trabalhadores e outra ao lado com 100 trabalhadores, no mesmo segmento, a de 100 trabalhadores tem uma um diferencial negativo porque ele contrata mais seres humanos, por isso ele tem uma uma carga maior sobre a folha quando deveria ser o inverso”, afirma.
Segundo ele, a solução para esse problema seria a criação de uma política pública geradora de emprego que “desonere a folha incentive o empresário a contratar, além da própria gestão da economia com menos déficit público, com juros mais baixos e menor tributação”, analisa. Márcio conclui ainda que, para os próximos anos, o caminho para o mercado de trabalho no país vai depender de “como o governo vai conseguir da solução para a crise que nós estamos atravessando, e isso vai impactar diretamente na manutenção, no aumento da empregabilidade ou na redução”.
Do Diario de Pernambuco