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quinta-feira, 23 de janeiro de 2025

Número de famílias endividadas cai em dezembro

Cautela com alta dos juros e da inflação explicam movimento, diz CNC


O endividamento das famílias brasileiras caiu em dezembro do ano passado e ficou em 76,7%, de acordo com a Confederação Nacional do Comércio (CNC). Na comparação com o fim de 2023, a queda foi de 0,9 ponto percentual, quando o indicador havia ficado em 77,6%.


A redução do endividamento no fim do ano, momento em que sazonalmente ocorre aumento do indicador, com famílias recorrendo mais ao crédito, mostra a cautela do consumidor diante do cenário de aumento de juros, da inflação e do custo do crédito, afirma a CNC.


"A redução pode sinalizar mais restrições para o acesso a crédito por parte das famílias", diz o levantamento da confederação.


A CNC aponta que as dívidas das famílias em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) estão em torno de 30%, o que não é um percentual elevado quando comparado ao mercado americano, no qual as dívidas representam 72% do PIB.


O estudo revelou, no entanto, que a inadimplência aumentou no último mês de 2024, com 29,3% das famílias com dívidas em atraso ante os 28,8% do dezembro anterior. Aquelas que não conseguem quitar o que devem chegaram ao patamar de 13%, o maior da série histórica.



—A inadimplência é um reflexo do impacto desproporcional desses fatores sobre as famílias de baixa renda, que enfrentam juros elevados e renda limitada para absorver o aumento dos preços. É fundamental promover um ambiente econômico estável e políticas que ampliem a capacidade de consumo — avalia o presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, José Roberto Tadros.


Impacto maior para quem tem menos renda

As famílias com renda de até três salários mínimos são as mais afetadas pelo endividamento e pela inadimplência. O estudo mostra que 80,5% apresentaram dívidas em 2024, sendo o grupo mais dependente do crédito para manter o padrão de consumo.


Já a proporção dos que destinam mais de 50% da renda ao pagamento de dívidas caiu para 20,6% (em 2023, era de 20,7%).


— Embora o endividamento tenha se tornado mais sustentável em termos de renda comprometida e prazo, a alta dos juros e o encarecimento do crédito dificultaram a gestão financeira das famílias. É necessário reforçar a educação financeira e implementar políticas de renegociação de dívidas bem estruturadas — explica Felipe Tavares, economista-chefe da CNC.


De acordo com a pesquisa, o cenário para 2025 exige cautela diante da perspectiva de novos aumentos da Taxa Selic, o que pode restringir o acesso a crédito e comprometer a capacidade de pagamento das famílias.


Por Agência O Globo



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