Moradores do habitacional Minha Casa, Minha Vida, em Surubim, lançaram uma vaquinha virtual para contratarem um engenheiro estrutural que possa avaliar a situação dos oito prédios do residencial. A estrutura dos edifícios apresentam rachaduras, fissuras e infiltrações. Segundo relato das pessoas que residem no local, as falhas começaram a ser percebidas em dezembro do ano passado. A situação se agravou com as chuvas em janeiro deste ano. A Prefeitura foi procurada e enviou uma equipe de engenheiros civis para vistoria. Os profissionais elaboraram um parecer confirmando os problemas citados pelos moradores e recomendaram a contratação de um engenheiro estrutural para a confecção de um estudo técnico.Conjunto Residencial Minha Casa Minha Vida
em Surubim. Com medo,
sete famílias já deixaram o local
(Foto: Lulu/ Surubim News)
Os prédios foram financiados pela Caixa e entregues em 2014. O governo federal, na época, ofereceu um subsídio de quase 70% do valor do imóvel. O restante foi dividido em parcelas com um prazo de até 10 anos para pagar. Ao todo são 256 apartamentos. A agência do banco em Surubim se negou a receber um ofício encaminhado por representantes dos condomínios, alegando que não trata da área de habitação. Sequer orientou os síndicos a respeito de qual setor da instituição poderia analisar a demanda, tampouco informou o nome da empresa seguradora. As informações foram repassadas pela advogada Josi Leal, durante entrevista nesta segunda-feira (17), na Rádio Integração FM. A profissional está prestando assistência jurídica aos moradores.
O residencial Minha Casa, Minha Vida é composto por dois condomínios, cada um com quatro edifícios. A situação é mais grave no conhecido condomínio Amarelo, sobretudo nos blocos A e C. No condomínio Azul, há menos problemas, no entanto, uma rachadura horizontal de grande porte vem causando preocupação. Até agora sete famílias deixaram o local.
O primeiro engenheiro estrutural contactado fez um orçamento de R$ 20 mil para analisar apenas um dos condomínios, mas os moradores conseguiram conversar com um segundo profissional, que entendendo a condição vulnerável das famílias, propôs elaborar o estudo técnico em todo o residencial por R$ 9 mil.
Como em recente reunião, a Prefeitura comunicou que não dispunha de engenheiro estrutural nem de recursos para a contratação, uma vaquinha virtual foi criada para arrecadar o valor. O PIX para doação é: 5351842@vakinha.com.br. Desde que foi lançada há dois dias, o dinheiro arrecadado passa de pouco mais de R$ 1 mil.
Por outro lado, o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) foi acionado e solicitou um relatório detalhado de todos os problemas estruturais. A intenção dos moradores é que o órgão convoque uma audiência com a participação de representantes da Caixa, da Construtora Saint Entom (responsável pela obra e que está em recuperação judicial), da seguradora e dos poderes públicos para que seja formalizado um plano de ação. Caso o encontro não corresponda às expectativas dos donos dos imóveis, o passo seguinte seria o ajuizamento de uma Ação Civil Pública
O assunto foi debatido na última reunião da Câmara de Vereadores. Os parlamentares se comprometeram a formar uma comissão para acompanhar o caso. Enquanto isso, os moradores seguem apreensivos. “Eles passam a noite com medo, sem dormir direito, preocupados se o prédio vai cair. Esperamos a ajuda da população e das autoridades”, concluiu a advogada.
Do Correio do Agreste