Com um investimento de R$ 2,9 milhões, um projeto em parceria entre a Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco (Adepe) e o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Pernambuco (Sebrae/PE) vai fortalecer a identidade de ícones da cultura pernambucana como o bolo de rolo, o artesanato de barro de Caruaru e a renda renascença de Poção. Foto: Antonio Holanda/Adepe
O projeto, lançado nesta quinta-feira (10), tem como foco identificar, estruturar e solicitar o registro das novas IGs junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), reconhecerá 13 Indicações Geográficas (IGs) para o estado.
De acordo com a analista do Sebrae/PE e gestora do projeto das Indicações Geográficas, Roberta Andrade, o projeto de reconhecimento de novas indicações geográficas em Pernambuco busca a valorização da identidade, da cultura produtiva e o fortalecimento da economia regional. “A indicação geográfica é uma grande oportunidade para a diferenciação dos produtos e valorização dos territórios. Já é uma estratégia muito utilizada na Europa, onde já existem mais de 3.000 produtos com indicação geográfica reconhecida, enquanto no Brasil temos 131. Além disso, essa identificação aumenta o vínculo de confiança com o consumidor e busca também preservar as particularidades dos produtos, preservando o modo de fazer. Isso traz um incentivo à melhoria contínua do produto”, aponta.
Ainda segundo Roberta, a iniciativa também deve atrair mais investimentos para essas produções. “É possível, no futuro, com o registro dessas indicações geográficas ser vinculado a isso, por exemplo, roteiros de experiência, onde turistas e moradores também poderão fazer uma imersão nesses territórios para conhecer a história daqueles produtos que se tornaram notórios dentro daquela região e entender o processo de fabricação desses produtos”, disse.
Atualmente, Pernambuco tem três IGs registradas: Vinhos do Vale do São Francisco, Uvas e Mangas de Petrolina e o Porto Digital no Recife. Em todo o país, são 130 Indicações Geográficas, a maior parte delas presentes em estados com fortes tradições agrícolas e artesanais, como Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraná.
Entre os produtos selecionados para estudo estão o mel do Araripe, o abacaxi de Pombos, o café de Triunfo, a manta caprina da região de Dormentes, o artesanato de barro de Caruaru e Tracunhaém, o artesanato de madeira de Sertânia e a renda renascença de Poção. Produtos gastronómicos tradicionais como o queijo coalho artesanal produzido no Agreste e no Araripe e os bolos de noiva, de rolo e Souza Leão completam a lista. O projeto de ampliação das IGs será desenvolvido em quatro etapas: diagnóstico, estruturação, submissão dos pedidos e acompanhamento dos processos. Para a primeira fase, que já está em andamento, as instituições também contarão com o apoio do Sebrae Nacional.
A etapa de estruturação envolverá a sensibilização dos produtores, o levantamento histórico-cultural, a delimitação da área geográfica e a criação de um caderno de especificações técnicas, além da formalização das entidades representativas de cada Indicação Geográfica. Também haverá a criação de um signo distintivo para cada uma das IGs propostas. Por fim, será realizada a solicitação do registro junto ao INPI. A expectativa é de que o projeto esteja finalizado até 2026.
Para a Adepe, a identificação significa um avanço na valorização dos arranjos produtivos locais, além de dar visibilidade a produtos tradicionais e inovadores de Pernambuco. "É missão da Adepe fomentar o desenvolvimento dos arranjos produtivos de todo o Estado, em seus 184 municípios. O Projeto de Identificação Geográfica vem para dar destaque àqueles mais relevantes e torná-los exemplo da valorização do que é produzido em Pernambuco. O crescimento do nosso PIB dá sinais claros da importância da nossa agricultura e dos nossos arranjos produtivos e estamos muito felizes em sairmos na frente com este projeto ao lado de um parceiro tão importante como é o Sebrae Pernambuco", detalhou o presidente da Adepe, André Teixeira Filho.
Superintendente do Sebrae/PE, Murilo Guerra destaca que a iniciativa ajuda a valorizar a riqueza dos territórios pernambucanos e a promover o desenvolvimento dos pequenos negócios. “A valorização do regionalismo tem se consolidado como uma estratégia importante para estimular o desenvolvimento econômico e social e ampliar a competitividade nos mercados nacional e internacional. O reconhecimento das Indicações Geográficas protege o conhecimento tradicional ao mesmo tempo em que agrega valor aos produtos e serviços locais”, enfatiza.
Do Diario de Pernambuco